Ruptura

Tu andas de olhos tapados mas lavados e
bonitos a andar por entre as luzes da cidade
Eu afasto o meu desejo,
entre travos e atritos, caminhando a passos curtos p'rá verdade
Tu não percebes que não é por não gostar de
te beijar que eu mantenho o corpo longe do banal
Tu não percebes que se eu não me afastar
dessa vivência tudo fica tão confuso e tão igual...
Deixa-me ir! (eu juro que fico) Deixa-me ir! (não é p'ra sempre)
Quero esquecer e respirar e ter vontade
Quero ver-te mas não hoje,
quero ver-te num abraço e num beijo que matarão a saudade
Quero sentir a falta disto,
afastar-me e ver de fora o amor que já foi nosso - hoje somos dele
Quero despir-me do meu corpo,
meditar e ver de novo essa paz que é vestir a tua pele
Não me prendas - nunca o fazes - nunca me deste
razões para não voltar, para não te querer de volta
E não sei de outro pouso que me acalme a
solidão que o teu leito que silencia a revolta
Tudo fica sempre bem,
seja o bem aquilo que for, dure a guerra todo o tempo que durar
Nada fica do embate senão sangue e os
destroços que o tempo teve que silenciar
Então espera, meu amor,
espera o tempo em que o silêncio trará paz a esta maré de incertezas
Espera que se acalme o tempo,
se equilibre o universo e que o sol alcance a sombra das tristezas
Mas sem pressa, meu amor,
que eu preciso de uma paz que me permita não me esconder do momento
E paciência, meu amor,
que tudo tem um sentido e não existe qualquer bem sem sofrimento...

(solo + refrão)
Eu não sei o que fazer dessa ruptura se esse amor terminar
Terminar
Eu não sei se quero paz ou aventura, meu amor, mas vou tentar
Vou tentar
Hum...

Cala a boca! Não vale nada esse discurso que
tu cospes de quem segue uma imagem caprichosa
Eu quis a paz do teu amor,
quis te a ti e nada mais, tu só andaste nessa estrada sinuosa
Que tu próprio construíste, estás perdido!
Não vês isso? Estás perdido na tua própria consciência
Cegado pela sensação de que corres para um
fim, não fazes mais que afogar-te na dormência
És infeliz! E eu agora!
Como é duro tudo isto! Como é horrível sofrer pelas tuas mãos!
Que não me querem e não dizem,
que me fogem e desdizem e que eu tento agarrar com gestos vãos
E eu sonho e choro e canto mas não me ouvem
as paredes e tu estás demasiado concentrado
Na tua mente narcisista,
egocêntrica e perdida, na maldição de achar que és abençoado
Então deixa-me e não voltes!
Então vai e não me olhes! Não me beijes p'ra que aceite o teu legado!
Eu não quero esse teu beijo,
eu não quero o teu regresso, foge lá, fica infeliz e isolado
Mas recorda quando fores feliz e bom como
procuras esta dor que ainda é estar deste lado
Tu deste-me o sorriso,
o sonho bom e mil loucuras e a morte em vida por me teres deixado...
(E a morte em vida por me teres deixado)
(...)
Agora peço eu desculpa
(Sei que és a única mulher que eu já amei)
Mas a falta de comparência
(E a única que eu sou capaz de amar)
Faz-me agora sentir a culpa
(Porque és a única por quem tanto chorei)
De não chorar a tua ausência
(E a única que já me viu chorar)
Foste tempo suficiente para paragens
duvidosas e agora estou demasiado fria
(Eu explicava-te o que fiz mas já nem sei)
Eu fui sempre o coração que sentiu
silenciosas as facadas de chorar o que outra ria
(E nada vale muito a pena explicar)
Agora sinto o teu beijo mas o sabor é já
distante como se beijasse uma fotografia
(Resta lembrar tudo o que fui e que passei)
Agora minto se disser que o desejo se mantém,
porque a verdade é que alcancei um novo dia
(Dar-te um beijo, coser asas e voar)

Durante meses eu chorei ou sorri a máscara
da merda que me sentia profunda e continuamente
Agora, finalmente, sorri graças a alguém,
depois de ver nos seus olhos o que sente
Viu em mim o que tu não. Encontrou abandonado
Um coração que é tão grande como o amor que deste um dia
Ganhou de mim um sentimento, o tempo do pensamento
E a vontade de esquecer tudo o que de ti eu lia
E por isso, adeus, desculpa
Um dia tinha que ser, não tinha?
E até sinto alguma culpa
Mas a culpa não é minha...



Credits
Writer(s): Lau God Dog
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