Mote das Amplidões

Ói! Montado no meu cavalo
Pégaso, me leve além
Daquilo que me convém
Relançar pelo que falo

Bebendo pelo gargalo
Enchentes e ribeirões
Na terra tem mil vulcões
No tempo só tem espaço

Nada digo e tudo faço
Viajo nas amplidões

Por entre pedras e rios
Planetas e hemisférios
Há poderes e impérios
Há sérios homens e fios

Há beijos que são macios
Há bocas e palavrões
Há facas e cinturões
Há dor e muito cansaço

Nada digo e tudo faço
Viajo nas amplidões

Bem no tempo do estio
No inverno e no verão
No eixo e na rotação
No plano que lhe envio

É nos deuses em quem confio
No poder das orações
No sangue desses canhões
No cabelo e no cangaço

Nada digo e tudo faço
Viajo nas amplidões

Conheço tantos caminhos
Retenho preso na mão
As chaves da viração
Das aves que não têm ninhos

Das uvas que não dão vinhos
Dos erros, das intenções
Do fogo desses dragões
Do pau, do ferro e do aço

Nada digo e tudo faço
Viajo nas amplidões



Credits
Writer(s): Jose Ramalho Neto
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