Balaio

O ciclo
É a bola conduzida no pé do menino
É perceber que o rei não está na nossa barriga
Mas só na culpa de nossa fome
É o lembrete que somos juntos pólvora
Que o mundo não gira só no nosso umbigo

É a fé na fera
Na coragem de mãe defendendo a cria
No diâmetro do balaio cheio
Fazendo a feira, pra festa e pra farra

É a mesa farta, infartando a miséria
E ainda que proíbam esperancice
Passei a imitar um redentor
De sete anos ao andar de bicicleta
Jogando sorriso na banguela
Descendo a ladeira da preguiça

E ainda que se comemorem corpos tombados
Hei de achar mais rainha o ventre que abriga a vida
E ainda que ateiem fogo no pão
E e do circo restem migalhas

Desafio quem tocar meu pulso e fechando os olhos
Não se confundir com o Maracanã lotado em dia de final
Com as ladeiras de Olinda em pleno carnaval
Lembre-se, seu corpo, tua anarquia
Seu espírito, um ato político

Lembre-se
Não existe fim, apenas novos começos
Não existe tropeço quando se alça voo
Vem, esfera é nossa pupila travestida de lua



Credits
Writer(s): Isabela Moraes, Paulo Dias Novaes Neto
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