Sol das Dezenove

Eu, você, nós dois
Lavando a alma
Na caixa d'água
Em cima da laje
E as nossas roupas
Ao lado, no varal
A tremular
Feito bandeiras de paz

Eu, você, nós dois
Quitando as contas
Tão atrasadas
Desse velho caso de amor
Deixando os filhos
Na rua, no quintal
A traquinar
Jogos de guerra e de paz

Ao sol das dezenove, pleno horário de verão
Ao sol das dezenove, pleno horário de verão
Ao sol das dezenove

Eu, você, a sós
Ao menos por um dia
Sem pudor
De folga, de folia, de fogo
Que acende enquanto o sol perde o fulgor
E até pelas paredes cai suor
Enquanto nos amamos pelo chão
E não pensamos que há de ser em vão
Nossa trégua, nossa pacificação

Eu, você, nós dois
Conversa fora
Portão de casa
Cadeiras de praia
Ouvindo os vizinhos
Da casa lateral
A comentar nosso momento de paz

Eu, você, nós dois
Voltando tontos
Depois de tanto
Carinho e cachaça
E ainda consigo
A tempo, observar
No teu olhar
A despedida fugaz

Do sol das dezenove, pleno horário de verão
Do sol das dezenove, pleno horário de verão
Do sol das dezenove, pleno horário de verão
Do sol das dezenove



Credits
Writer(s): Léo Brum
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