Língua de Pilão

Chorou, chorou
Quando deu meia-noite, esse pobre menino chorou
Chorou, chorou
Quando deu meia-noite, esse pobre menino chorou

Galo cantou meia-noite no meio da plantação
Meu café só sai gostoso quando tiro do pilão
Negra da canela fina, preferida do feitor
Foi-se embora pra fazenda, três vinténs foi quem comprou
E o menino chorou

Chorou, chorou
Quando deu meia-noite, esse pobre menino chorou
Chorou, chorou
Quando deu meia-noite, esse pobre menino chorou

Negro do pé espalhado, nunca foi trabalhador
Era muito respeitado, pois foi guia do feitor
Feiticeiro nhonhô

Chorou, chorou
Quando deu meia-noite, esse pobre menino chorou
Chorou, chorou
Quando deu meia-noite, esse pobre menino chorou

Eu fui pau, chicote e pedra, queda, pó, chicote e pau
Eu rezava Ave Maria, pedindo a Agô pra livrar-me do mal
Jogando maculelê, congo, jongo, capoeira
Dia e noite, noite e dia
De segunda à sexta-feira, e o menino chorou

(Chorou, chorou), Benedito canela fina, aquele respeito
É... Velho Bem Velho Belém, Velho Aninseto
Tia Neném do Salgueiro, Tia Vicentina
Mamãe Clementina, como eu te quero bem
Olha, a todo povo da Bahia, em nome da minha mãe Estela
Do Afonjá, ou até Recife

A bença, pai Edu, a bença a todos vocês
Todo o pessoal do Jango, capoeira e eu aqui
As lavadeiras da beira do rio, que legal
Eita, viva a raça!

Vovô Tereza, da Serrinha, mais uma vez os meus respeitos
Porque o menino chorou, minha gente
E como chora o menino, ih!

É Congo, João Capoeira
Quanta gente boa que a gente olha...



Credits
Writer(s): Elza Soares
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