Eu Sabia, Sabiá

Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá,
a gente que aqui campeia também luta como lá

E de terra porque terra, você sabe,
Porque terra (vira-e-mexe) com a gente não se esquente
Porque terra tem petróleo, tem os olhos dele em cima,
Tem o clima que eu venero, tem o ferro, você sabe:
Tem scheelita, monazita, amianto mais calcita,
Tem os olhos-d'água dentro, tem os olhos dele em cima.
Tem a lima, tem a rima porque terra (vira-e-mexe),
Não se vexe, você morre se invadir a minha terra.

E de guerra, você sabe. Porque, guerra, meu senhor.
Deixe a gente, deixe a terra.
Deixe a gente viver dela, cantar nela, por favor.

E de serra, porque serra, você sabe,
Gosto dela muito dela porque ela tem seus verdes,
Tem seus galhos tem chocalhos, tem meu canto dentro dela
Porque serra, você sabe,
Cabra erra, boi passeia, bode berra.
Porque serra, vibra nela tanta coisa,
Porque serra (coisa e loisa) tem o claro veio d'água na levada molhando pedras e flor
Porque serra (coisa e loisa) também tem o meu amor.

Com os que suam na serra quero meu canto compor
e dos irmãos camponeses partilhar também da dor

E de várzea porque várzea, você sabe,
Tem a área verde-clara, verde-cana, verde-plana,
Quem tem o sono, tem o dono e o abandono também
Tem a menina na estrada com cajado de fada adivinhando o amor, sem saber mesmo se vem
Pois vai passando e vai indo e vai sumindo, sumindo na janelinha do trem
Pois vai passando e vai indo e vai sumindo, sumindo na janelinha do trem

Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá
A gente que aqui campeia também ama e quer ficar.