NAMBU NA MIRA

O recomeço d'um conexo ciclo, título sem fim
O começo d'um convexo, liso, ridículo de mim
Complexo ser sem corpo, sem reflexo, oco
Preso num sufoco
Sem nexo, sem sexo, apex
Sem tudo, sortudo
Olvidado do, quente, passado
Contudo, queimado do futuro
Enrolado à forma física
Talhado à norma tísica
Sem escolha nem vontade
Na bolha da Liberdade

(Trago-te o mundo por dentro
Trago-te o mundo por dentro
Trago o que tu me deste)

Onde sempre fui sem ser e aqui assim serei
Onde a mente rui o ter e assim aqui terei
Que vencer
Desde dentro do ventre que me prende
Assim eu singrarei
O fardo que trago do bardo
Sou parvo s'o largo no parto
Ou encravo sem cravo na clave
Sendo o fado exclave sem trave
Sem querer ser, há mal e há vender (Amália a vender)
Só quero ser, imortal sem o ser
Imortal sem o ser
Imortal sem o ser

Em todo o nascimento
Há aquela parte que fica
P'ra trás num só momento
E pega o barco da vida
Eu sou esse rebento
Eterno, atado, complicado
Desejo viver p'ra sempre
O ego domina-me esse ato
Nunca quis ser exato
Nem o ser deste lado
Nunca quis ser relato
Nem um ser encenado
Nunca quis ser um trato
Nem o ser neste estado
Nunca quis ser um extrato
Nem um ser numerado
Mas é a vida
Desde que nasci que eu estou nesta corrida
E é a escrita
Porque trago tanta linha
E é essa linha que me cose cada ferida



Credits
Writer(s): Diogo Ferreira
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