Gravito

Vim pa' sugar a gravidade
Limar o meu acto, juntar cada átomo
Afundo umas pedras no charco
É sólido, exacto, mas flutua o plástico

São ventos fugais no meu prado
Não mais obstáculo ao meu habitáculo
No monte dos meus vendavais
Puxam-me os tentáculos
Mas sempre me adapto e curo

Apelos de ajuda e direcção, partilho o meu chão
Empresto-te o corpo, tu partes-me a mão
Ganhas impulsão e some, e sobe
Eu vejo-te a ganhar enquanto encolho e dói

Sistema estelar, não sei, só eu e tu
Um universo inteiro a mais quando eras tudo
Partiste o meu eixo, então eu gravito
Não vi o fim aproximar, só vi o escuro

Admiro o teu sorriso enquanto afastas
Só vejo essas costas, e se gostas, por que largas?
Sem texto nas mensagens, não palavras, mas adagas
Atiras por desporto, ponto a ponto, fecho as chagas

Eu percorro esse porto, por um pouco, dessas águas
Banharam meu corpo, mas secou e são amarras
Secura moldou o meu casco a estas margens
E já não me dou nem se mudam as paisagens

Embacio um espelho pa' alimento à ilusão
Desenho no frio o teu nome em alusão
Encosto ao vidro o meu peito e feição
O meu jeito e canção sem deleite é sanção, e então
Eu e tu, eu e tu, eu e tu

Sistema estelar, não sei, só eu e tu
Um universo inteiro a mais quando eras tudo
Partiste o meu eixo, então eu gravito
Não vi o fim aproximar, só vi o escuro



Credits
Writer(s): António Souto, Carlos Alves
Lyrics powered by www.musixmatch.com

Link