Rapsódia do Fado Que Ninguém Quer

Quem entrega a alma ao fado
Precisa de ter cuidado
Com cada coisa que sente

Porque se o fado a aceita
A alma pouco aproveita
Da vida que tem à frente

Porque se o fado a aceita
A alma pouco aproveita
Da vida que tem à frente

Quem entrega ao fado a alma
Precisa de andar com calma
Sem fazer muito alarido

Pois sempre que o fado a quer
Toma a alma por mulher
Mas não se faz seu marido

Pois sempre que o fado a quer
Toma a alma por mulher
Mas não se faz seu marido

Quem ao fado a alma entrega
À noite nunca sossega
Dos perigos que o fado traz

Abre as portas à desgraça
Porque essa noite não passa
Quando o fado se desfaz

Abre as portas à desgraça
Porque essa noite não passa
Quando o fado se desfaz

Mas quando um fadista canta
A noite que estava fria
Mas quando um fadista canta
A noite que estava fria

Vai aquecer-se à garganta
De uma nova melodia
Vai aquecer-se à garganta
De uma nova melodia

Mas quando um fadista sente
O sol vai perdendo o medo
Mas quando um fadista sente
O sol vai perdendo o medo

E planta dentro da gente
Um dia que vem mais cedo
E planta dentro da gente
Um dia que vem mais cedo

Mas quando um fadista chora
As suas dores mais secretas
Mas quando um fadista chora
As suas dores mais secretas

Para o tempo e nessa hora
Choram todos os poetas
Para o tempo e nessa hora
Choram todos os poetas

Mas quando um fadista prende
A alma de uma mulher
Mas quando um fadista prende
A alma de uma mulher

É a guitarra que entende
O fado que ninguém quer
É a guitarra que entende
O fado que ninguém quer