O Poeta Aprendiz

Ele era um menino valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante
Anos tinha 10, e asas nos pés

Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc
O olhar verde gaio parecia um raio
Pra tangerina, pião ou menina

Seu corpo moreno vivia correndo
Pulava no escuro, não importa que muro
Saltava de anjo, melhor que marmanjo
E dava o mergulho sem fazer barulho

Em bola de meia
Jogando de meia-direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar, amava era amar

Amava Leonor, menina de cor
Amava as criadas varrendo as escadas
Amava as gurias da rua, vadias

Amava suas primas com beijos e rimas
Amava suas tias de peles macias
Amava as artistas das cine-revistas
Amava a mulher a mais não poder

Por isso fazia seu grão de poesia
E achava bonita a palavra escrita
Por isso sofria de melancolia
Sonhando um poeta
Que quem sabe um dia poderia ser



Credits
Writer(s): Marcus Vinicius Da Cruz De M. Moraes, Antonio Pecci Filho
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