Quando o Veneno Sobe a Lança

Que dias há que não saibas que passaste
Mais depressa que não percebesses que foi
Tão sem porquê, quanto sem saber?

Que dias há que não saiba que passaste
Mais depressa que não percebesses que foi
Tão sem porquê, quanto sem saber?

E que ardesse num só segundo
Seco e mudo era mais teu querer
Que olhar tantas incertezas
Quando a lança ao vento devia dizer

Em que peito irias marcar teus punhos
E em qual sangue lavarias tuas mãos
Sendo assim, não doeria tanto responder
A teu silêncio

Quando outro dia se foi e viste que passaste
Mais depressa que não percebesses que foi
Tão sem porquê, quanto sem saber

Que dias há que não saibas que passaste
Mais depressa que não percebesses que foi
Tão sem porquê, quanto sem saber

Vem me buscar daqui
Vem me fazer sorrir
Vem me levar pra longe
Que só tua paz pode tomar
Minhas mãos e me tirar do escuro

Pois nem imagino quanto se passou
Desde que deixei de contar os muros
E nem sei se sigo ou desisto
E grito só entre os surdos



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