Diadorim, o Sertão É do Lado de Dentro

É mas eu nunca vi o Sertão
E você que viu não sabe
O Sertão é do lado de dentro irmão
E bate, e queima, e arde e tem miragem

Mulher virando bicho
Bicho virando homem
Homem virando criança
Criança virando flor

Diadorim de amar de amo
Diadorim a dor adianda
Diadorim de amar de amo
Diadorim dia dá.

Eu sou a que te transborda
A que te transborda
Além das duras bordas das palavras
Você se alastra além das praias
Dunas e penedos, você se alastra
Além da tímida imaginação
Dos outros, você se alastra

Mulher virando bicho
Bicho virando homem
Homem virando criança
Criança virando flor

Se num instante me invadisse a paisagem, de assalto
Possuísse no céu em meu nome
Num corpo só
Se me tornasse o deserto sobre toda a memória
E desbotasse tudo, as pegadas, feito as palavras
Feito as palavras, ainda assim, estaria ela
Alma de mulher que eu não via a espreita
Como no cio, os olhos parados na estrada a espera
É quando o abandono acima do esquecimento
Agora eu sei, ela tinha amor em mim

Diadorim de amar de amo
Diadorim a dor adianda
Diadorim de amar de amo
Diadorim dia dá.



Credits
Writer(s): Juliana Kehl, Gustavo Ruiz
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