Festa de Junho

Eu moro lá no sertão
Naquelas mata soturna
Encostado numa ilha
Bem de 'fronte tem uma furna

Onde canta o sabiá
Eu vejo o requitar da inhuma
Meu coração fica roxo
Que nem o cerne da gaviúna
Saudade do meu benzinho
Cada vez mais me importuna

O home' nasce no mundo
Pra sofrer tanto amargume
Quando vai escurecendo
Que o sol já perde o seu lume

Saio dar os meus passeios
Sou que nem um vagalume
Este meu viver no mundo
Muita gente tem ciúme
Mas com isto eu não me importo
Sempre foi o meu costume

'Alembro e tenho saudade
Daquelas festas de junho
Que eu cantei pro meu benzinho
Com esta viola no punho

Esse nosso querer bem
Não tem falsidade 'arguma
Ela foi me 'arrespondeu
Não tem contrariação nenhuma
Vóis me ame com firmeza
E não acredita em calúnia

Por eu ser 'adivertido
Que a sorte pra mim não é ruim
Ai, quando eu entro num salão
Ai, pra cantar eu sou toruna

Afino bem minha viola
E eu sei que meu peito zune
Pra cantar com os campeonato'
Este cargo nóis assume
Tira-teima de violeiro
Isto nóis tem por costume



Credits
Writer(s): Rubens Vieira Marques, Isaias Vieira
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