Sempre Que Eu Canto Chove

Sempre que eu canto, chove
Qual será a relação
Do meu canto com a água?
Minha voz na imensidão

Sempre que meu canto escorre
No quintal, turvo a visão
Rio baixo e deságuo
Choro seco no sertão

Chão rachado, rosto inteiro
A represa, a prisão
Evapora, deixa marcas
Barro o peito em suspensão

Há de viver e ser
Um ser intenso
Rio em seu curso busca o mar
Pra ser imenso

Há de chover
Um canto cheio
Para dar corpo e atravessar
Profundo leito

Sempre que eu canto chove
Qual será a relação?
Calo, ouço e me afogo
Gota a gota na canção

Se anoitece no terreiro
Pleno dia, escuridão
Céu da boca se anuvie-a
Me desato grão em grão

Há de viver e ser
Um ser intenso
Rio em seu curso busca o mar
Pra ser imenso

Há de chover
Um canto cheio
Para dar corpo e atravessar
Profundo leito

Iá, iá, iá
Iê, iá, iê, iê, iê



Credits
Writer(s): Matheus Von Kruger De Freitas, Luis Carlos Ferreira De Oliveira
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