Um Deus e Dois Ladrões
Sinceramente, parceiro, não sei o que me deu
Quando o crente chegou, perguntou se eu era ateu
Pergunta besta, qual é? Cê quer tretar comigo?
Coroa sem noção, vai querer correr o perigo
Eu fui pra casa, no caminho não parei de refletir
Será que Deus resolveu agora me perseguir?
Há quase um ano depois, do meu último homicídio
Num barraco decidido, sentei aço no Patrício
Era ladrão, conhecido, também ex-presidiário
Me devia uma ponta, quis me fazer de otário
'Tava nós dois no bang, assalto bem-sucedido
Ele ficou com os eletro pra vender e deu perdido
Aí sumiu, carai' fodeu, desapareceu
No catatau, ligou: Tô preso, respondi: Problema seu
Só quero minha cota na palma da minha mão
Cada onça do negócio sossega minha ambição
Na rua no mundão, ladrão já esqueceu
Anda pra lá, volta pra cá, desfilando a Galisteu, oh!
No dia anterior, me trombou no giro louco
O catei pela camisa, quase quebro o seu pescoço
Disse que era homem novo, crente convertido
Paletó, terno e gravata, até 'tava sorrindo
Me mostrou um livro preto, me falou de salvação
Dei risada na cara do prego, sente o frio do oitão
Vou te dar somente um dia, depois quero meu dinheiro
Se vira faz seu corre, assalta quenga no puteiro
Ou então pede ao seu pastor, o dízimo do senhor
Mete a mão na sacolinha escondido no louvor
Coronhada na cabeça pra mostrar o poder e maldade
Chutei ele ali no chão, somente por crueldade
Reagir? Cê tá loco, nem mexeu na agressão
Mas no final sussurrou: Jesus te ama, irmão
Eu fingi que não ouvi, fui direto pro boteco
Beber, cheirar, fumar, com as vadias, fazer sexo
Homem de palavra sangue ruim, carniceiro
Acordei na intenção de dar trabalho pro coveiro
Mó dia esquisito, diferente do normal
O tempo fechou de repente, ué, cadê o sol?
Naquela tarde na casa do cara entrei, 'tava vazia
Dei geral, sem sucesso, quarto, sala e cozinha
Sentei pra fumar um, deu até tempo de pensar
Nem é tanta grana assim pra eu ter que matar
Tô com uns pensamento estranho, acho melhor deixar
Mas e minha moral, onde vai ficar?
Aí a noite cai, fico naquela impaciente
Anda logo, termina esse culto de crente
Às dez ele chegou, a porta abriu lentamente
Tranquilo, nem assustou, sentou na minha frente
Pela primeira vez, confesso, tremi na base
No instinto, puxo o cão, ladrão, boa viagem
Então tá bom, ham, você veio até a mim
Como se fosse seu dom, nessa história por um fim
Loco, cheio de sede, pude ver no seu olhar
Disposto a qualquer custo do meu erro me cobrar
Relembrei de antigamente, duas nove e vários pentes
Dois doentes mentalmente, atrás de algo reluzente
Ouro, rubi, esmeralda, diamante, por que não?
Dólares é o carpe diem dentro do cofre da mansão
Meu apetite realmente era mais do que febril
Chega a me dar arrepio, só de lembrar os fuzil
Em minhas mãos e a vítima com a mão na nuca orando
Sua ação sempre ríspida, no chão, corpo sangrando
E você não entende, é difícil, eu compreendo
Aquele que enfiava bala e era seu parceiro, truta
Já faz um tempo que dessa ele partiu
Aqui na sua frente tá mais um que Deus urgiu
Morri e nasci pelo sangue do calvário
Aquele que era monstro ao seu lado foi enterrado
Dentro de mim e você veio até aqui propor
Que o anjo Serafim me levasse até o senhor
Inconscientemente, veja bem, mano, cê não sabe
Que minha morte servirá pra ser feito outro milagre
Em nome do Senhor Jesus, pra tudo tem propósito
Do início do ciclo vital até o momento do óbito
E seja feita a vontade do meu mestre
Cê lembra um ano atrás? Aquele humilde pedestre?
De chinelo e uma bíblia debaixo do braço
O encontrei na cadeia pregando um salmo
Perguntei: Oh, meu bom que te traz aqui no inferno?
Justo sei que tu és e o caminho que segue é o correto?
Me respondeu
É você, meu amado irmão, aqui para essa missão
Em nome do Deus de Abraão
Eu lhe convoco, levanta e segue a minha lei
Que um dia morrerás, mas será em nome do rei
Me arrepiei, de joelho ali aos prantos
Aceitei e recebi o divino Espírito Santo
A sua arma que um dia já foi nossa
Agora aponta para mim e sinto a sua voz raivosa
Que não é em vão, o dedo acionado no cão
Vai atirar em meu rosto, balas em meu coração
E sem perdão senta o aço e puxa o gatilho
Porque no céu eu estarei à direita de Cristo
Aqui caído, você me chutando, enfim meu coração parando
Posso até sentir o manto de quem me acolhe no seu olhar
Eu vejo que, no fundo, ainda sofre
Mas tudo tem seu preço, né?
Chegou a hora e tem anjos do meu lado
Alcancei a glória que tanto tinha sonhado
Feliz em saber que a minha morte servirá
Como passaporte para no céu você poder entrar
Vem na minha memória, Isaac, Dimas, Salomão
O eco do disparo como se fosse um trovão
No tapete, baleado, imóvel, mas tranquilo
Adeus, te espero acima das nuvens, meu amigo
Embora aqui vos digo, que fique na lembrança
Querido, enfim, Jesus te ama
Quando o crente chegou, perguntou se eu era ateu
Pergunta besta, qual é? Cê quer tretar comigo?
Coroa sem noção, vai querer correr o perigo
Eu fui pra casa, no caminho não parei de refletir
Será que Deus resolveu agora me perseguir?
Há quase um ano depois, do meu último homicídio
Num barraco decidido, sentei aço no Patrício
Era ladrão, conhecido, também ex-presidiário
Me devia uma ponta, quis me fazer de otário
'Tava nós dois no bang, assalto bem-sucedido
Ele ficou com os eletro pra vender e deu perdido
Aí sumiu, carai' fodeu, desapareceu
No catatau, ligou: Tô preso, respondi: Problema seu
Só quero minha cota na palma da minha mão
Cada onça do negócio sossega minha ambição
Na rua no mundão, ladrão já esqueceu
Anda pra lá, volta pra cá, desfilando a Galisteu, oh!
No dia anterior, me trombou no giro louco
O catei pela camisa, quase quebro o seu pescoço
Disse que era homem novo, crente convertido
Paletó, terno e gravata, até 'tava sorrindo
Me mostrou um livro preto, me falou de salvação
Dei risada na cara do prego, sente o frio do oitão
Vou te dar somente um dia, depois quero meu dinheiro
Se vira faz seu corre, assalta quenga no puteiro
Ou então pede ao seu pastor, o dízimo do senhor
Mete a mão na sacolinha escondido no louvor
Coronhada na cabeça pra mostrar o poder e maldade
Chutei ele ali no chão, somente por crueldade
Reagir? Cê tá loco, nem mexeu na agressão
Mas no final sussurrou: Jesus te ama, irmão
Eu fingi que não ouvi, fui direto pro boteco
Beber, cheirar, fumar, com as vadias, fazer sexo
Homem de palavra sangue ruim, carniceiro
Acordei na intenção de dar trabalho pro coveiro
Mó dia esquisito, diferente do normal
O tempo fechou de repente, ué, cadê o sol?
Naquela tarde na casa do cara entrei, 'tava vazia
Dei geral, sem sucesso, quarto, sala e cozinha
Sentei pra fumar um, deu até tempo de pensar
Nem é tanta grana assim pra eu ter que matar
Tô com uns pensamento estranho, acho melhor deixar
Mas e minha moral, onde vai ficar?
Aí a noite cai, fico naquela impaciente
Anda logo, termina esse culto de crente
Às dez ele chegou, a porta abriu lentamente
Tranquilo, nem assustou, sentou na minha frente
Pela primeira vez, confesso, tremi na base
No instinto, puxo o cão, ladrão, boa viagem
Então tá bom, ham, você veio até a mim
Como se fosse seu dom, nessa história por um fim
Loco, cheio de sede, pude ver no seu olhar
Disposto a qualquer custo do meu erro me cobrar
Relembrei de antigamente, duas nove e vários pentes
Dois doentes mentalmente, atrás de algo reluzente
Ouro, rubi, esmeralda, diamante, por que não?
Dólares é o carpe diem dentro do cofre da mansão
Meu apetite realmente era mais do que febril
Chega a me dar arrepio, só de lembrar os fuzil
Em minhas mãos e a vítima com a mão na nuca orando
Sua ação sempre ríspida, no chão, corpo sangrando
E você não entende, é difícil, eu compreendo
Aquele que enfiava bala e era seu parceiro, truta
Já faz um tempo que dessa ele partiu
Aqui na sua frente tá mais um que Deus urgiu
Morri e nasci pelo sangue do calvário
Aquele que era monstro ao seu lado foi enterrado
Dentro de mim e você veio até aqui propor
Que o anjo Serafim me levasse até o senhor
Inconscientemente, veja bem, mano, cê não sabe
Que minha morte servirá pra ser feito outro milagre
Em nome do Senhor Jesus, pra tudo tem propósito
Do início do ciclo vital até o momento do óbito
E seja feita a vontade do meu mestre
Cê lembra um ano atrás? Aquele humilde pedestre?
De chinelo e uma bíblia debaixo do braço
O encontrei na cadeia pregando um salmo
Perguntei: Oh, meu bom que te traz aqui no inferno?
Justo sei que tu és e o caminho que segue é o correto?
Me respondeu
É você, meu amado irmão, aqui para essa missão
Em nome do Deus de Abraão
Eu lhe convoco, levanta e segue a minha lei
Que um dia morrerás, mas será em nome do rei
Me arrepiei, de joelho ali aos prantos
Aceitei e recebi o divino Espírito Santo
A sua arma que um dia já foi nossa
Agora aponta para mim e sinto a sua voz raivosa
Que não é em vão, o dedo acionado no cão
Vai atirar em meu rosto, balas em meu coração
E sem perdão senta o aço e puxa o gatilho
Porque no céu eu estarei à direita de Cristo
Aqui caído, você me chutando, enfim meu coração parando
Posso até sentir o manto de quem me acolhe no seu olhar
Eu vejo que, no fundo, ainda sofre
Mas tudo tem seu preço, né?
Chegou a hora e tem anjos do meu lado
Alcancei a glória que tanto tinha sonhado
Feliz em saber que a minha morte servirá
Como passaporte para no céu você poder entrar
Vem na minha memória, Isaac, Dimas, Salomão
O eco do disparo como se fosse um trovão
No tapete, baleado, imóvel, mas tranquilo
Adeus, te espero acima das nuvens, meu amigo
Embora aqui vos digo, que fique na lembrança
Querido, enfim, Jesus te ama
Credits
Writer(s): Douglas Aparecido De Oliveira
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