Está na Hora
Meu pai, vida não é novela
Nasceste numa barraca
Sem agua e a luz das velas
Nunca tiveste nada
A não ser o amor da favela
E andavas de porta em porta
Para dar uns trocos a velha
Os anos foram passando
E tu foste crescendo
Diariamente ias jogando o jogo
Que te enfiou lá dentro
Eu só vejo cinzento
Mas o verde dos teus olhos
Para te ser sincero, lamento
Mas tu é que plantas o que colhes
Foges da reta que te prende
Acaricas e perdes
A Carolina é pequenina
Mostra-lhe um rumo diferente
Meu velho, já sou crescido
Ao ver-te só peço que dures mais quatro meses
Para conheceres o meu filho
Seguintes o teu caminho
Fizeste a tua cama
No teu olhar, eu sinto frio
Já não esquenta nem com chama
O teu sorriso é um vazio
E a mim já não me engana
Dói-me ver-te perdido
Com a cabeça na lama
Tu já te queimaste tanto
Tens um palácio no sangue
Pai olha para mim, ê, ê
Tinhas um ar elegante
E no entretanto para o meu espanto
Não te vejo assim
Eu não lamento o que vivi
Ver o que vi fez de mim homem
Sei que para muitos ter muito
Muitos outros nem comem
Tu já não te importas que te olhem
Nem te olhas ao espelho
Enquanto uns nascem, outros morrem
Eu rezo para o puto nascer primeiro
Com a fartura do dinheiro
Veio a loucura a tempo inteiro
A tua vida era um recreio
Hoje em dia choras
Velho, não tens a visão
Daquilo que é correcto ou não
E a mim parte-me o coração dizer
A vida é roda, bota fora
E, pai, já tá mais que na hora
De eu olhar por mim, ê, ê
Dizem que um homem não chora
E eu não acredito
E aqui eu digo: eu já chorei por ti, sim
A vida é roda, bota fora
E, pai, já tá mais que na hora
De eu olhar por mim, ê, ê
A família não tem preço
Reconheces e eu reconheço
Que nunca foi assim
Eu sou um puto que já viu muito
E sei que o tempo não sara
Vejo-te parado na vida, pai
A vida não para
Mete a cabeça para cima e vai
Tem vergonha na cara
Se vires a porta de saída, sai
Essa vida acaba
Quartas e meias fiadas
Guardas e meias rasgadas
Não cagas em quem te mata
E cagas em quem não te larga, hm
É só garrafas chupadas
E partas todas queimadas
Com vacas todas quinadas
Trocaste tudo por nada
Foste a procura da loucura
E hoje és um louco na estrada
Mas o teu puto tem gana
De um bom cubículo para a mana
Sou um bom menino capanga
É tão lindo ter grana
Eu cá vou indo no drama
Para comer fujo da cana
Rap corre atrás de mim
Eu corro a frente da fama (fuck it)
Eu quero é que a fama se foda
Quero é que a família coma, sim
Mas como assim g, não procuro o sucesso
Procuro encher o frigorífico
E saúde é o que eu peço
O estado está em estado crítico
E não é nítido o processo
Quero um lugar pacífico
Longe da fúria do universo
Meto o meu sangue em cada verso
E tento simplificar o que no fundo é tão complexo
A minha vida não tem nexo
Como é que eu não sabia?
Eu não vou ter quem me criou
A criar a minha cria
Da vivenda para o anexo
Para ter as contas em dia
Tá tudo tão perplexo
E eu pergunto: Quem diria?
A vida sobe e desce, é a minha filosofia
Cota não importa a nota
O importante é a família
E agora que venha a Clarinha
Firme e com saúde
Eu tenho a cabeça para cima
Sou miúdo, não interessa
Isso de ser puto é só conversa
Eu luto sem promessas, juntos os pontos
Monto as peças sem descontos
Tou na reta e não é narcotráfico
Dispensa quem precisa para conseguir ter o básico
Eu não sou praticante, eu sou prático
E ninguém me classifica
Pai, hoje o teu filho é clássico
Tempo passa rápido e é trágico o sentimento
Vida acaba num ápice, como disse, eu vou vivendo
24 sobre sete a batalhar no meu talento
Ao meu passo cá vou indo
Porque eu vingo me e não me vendo
A vida é roda, bota fora
E, pai, já tá mais que na hora
De eu olhar por mim, ê, ê
Dizem que um homem não chora
E eu não acredito
E aqui eu digo: eu já chorei por ti, sim
A vida é roda, bota fora
E, pai, já tá mais que na hora
De eu olhar por mim, ê, ê
A família não tem preço
Reconheces e eu reconheço
Que nunca foi assim
Nasceste numa barraca
Sem agua e a luz das velas
Nunca tiveste nada
A não ser o amor da favela
E andavas de porta em porta
Para dar uns trocos a velha
Os anos foram passando
E tu foste crescendo
Diariamente ias jogando o jogo
Que te enfiou lá dentro
Eu só vejo cinzento
Mas o verde dos teus olhos
Para te ser sincero, lamento
Mas tu é que plantas o que colhes
Foges da reta que te prende
Acaricas e perdes
A Carolina é pequenina
Mostra-lhe um rumo diferente
Meu velho, já sou crescido
Ao ver-te só peço que dures mais quatro meses
Para conheceres o meu filho
Seguintes o teu caminho
Fizeste a tua cama
No teu olhar, eu sinto frio
Já não esquenta nem com chama
O teu sorriso é um vazio
E a mim já não me engana
Dói-me ver-te perdido
Com a cabeça na lama
Tu já te queimaste tanto
Tens um palácio no sangue
Pai olha para mim, ê, ê
Tinhas um ar elegante
E no entretanto para o meu espanto
Não te vejo assim
Eu não lamento o que vivi
Ver o que vi fez de mim homem
Sei que para muitos ter muito
Muitos outros nem comem
Tu já não te importas que te olhem
Nem te olhas ao espelho
Enquanto uns nascem, outros morrem
Eu rezo para o puto nascer primeiro
Com a fartura do dinheiro
Veio a loucura a tempo inteiro
A tua vida era um recreio
Hoje em dia choras
Velho, não tens a visão
Daquilo que é correcto ou não
E a mim parte-me o coração dizer
A vida é roda, bota fora
E, pai, já tá mais que na hora
De eu olhar por mim, ê, ê
Dizem que um homem não chora
E eu não acredito
E aqui eu digo: eu já chorei por ti, sim
A vida é roda, bota fora
E, pai, já tá mais que na hora
De eu olhar por mim, ê, ê
A família não tem preço
Reconheces e eu reconheço
Que nunca foi assim
Eu sou um puto que já viu muito
E sei que o tempo não sara
Vejo-te parado na vida, pai
A vida não para
Mete a cabeça para cima e vai
Tem vergonha na cara
Se vires a porta de saída, sai
Essa vida acaba
Quartas e meias fiadas
Guardas e meias rasgadas
Não cagas em quem te mata
E cagas em quem não te larga, hm
É só garrafas chupadas
E partas todas queimadas
Com vacas todas quinadas
Trocaste tudo por nada
Foste a procura da loucura
E hoje és um louco na estrada
Mas o teu puto tem gana
De um bom cubículo para a mana
Sou um bom menino capanga
É tão lindo ter grana
Eu cá vou indo no drama
Para comer fujo da cana
Rap corre atrás de mim
Eu corro a frente da fama (fuck it)
Eu quero é que a fama se foda
Quero é que a família coma, sim
Mas como assim g, não procuro o sucesso
Procuro encher o frigorífico
E saúde é o que eu peço
O estado está em estado crítico
E não é nítido o processo
Quero um lugar pacífico
Longe da fúria do universo
Meto o meu sangue em cada verso
E tento simplificar o que no fundo é tão complexo
A minha vida não tem nexo
Como é que eu não sabia?
Eu não vou ter quem me criou
A criar a minha cria
Da vivenda para o anexo
Para ter as contas em dia
Tá tudo tão perplexo
E eu pergunto: Quem diria?
A vida sobe e desce, é a minha filosofia
Cota não importa a nota
O importante é a família
E agora que venha a Clarinha
Firme e com saúde
Eu tenho a cabeça para cima
Sou miúdo, não interessa
Isso de ser puto é só conversa
Eu luto sem promessas, juntos os pontos
Monto as peças sem descontos
Tou na reta e não é narcotráfico
Dispensa quem precisa para conseguir ter o básico
Eu não sou praticante, eu sou prático
E ninguém me classifica
Pai, hoje o teu filho é clássico
Tempo passa rápido e é trágico o sentimento
Vida acaba num ápice, como disse, eu vou vivendo
24 sobre sete a batalhar no meu talento
Ao meu passo cá vou indo
Porque eu vingo me e não me vendo
A vida é roda, bota fora
E, pai, já tá mais que na hora
De eu olhar por mim, ê, ê
Dizem que um homem não chora
E eu não acredito
E aqui eu digo: eu já chorei por ti, sim
A vida é roda, bota fora
E, pai, já tá mais que na hora
De eu olhar por mim, ê, ê
A família não tem preço
Reconheces e eu reconheço
Que nunca foi assim
Credits
Writer(s): Unknown Composer, Andre Filipe Oliveira Da Silva
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