Autopsicografia

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente

E os que lêem o que escreve
Na dor lida sentem bem
E os que lêem o que escreve
Na dor lida sentem bem
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão
Esse comboio de corda
Que se chama coração
Esse comboio de corda
Que se chama coração

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente



Credits
Writer(s): Fernando Antonio Nog Pessoa, Maria Esperanza Zubieta Trives
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