Acanalhado

Deixe as coisas como elas estão
O dinheiro do gás debaixo do prato
E a água do gato no canto da sala
Onde ele prefere e a gente também
Chego à sexta no último trem
E te trago tabaco, jornais e sabão
E eu que nunca te peço nada
Só me faça um favor em retribuição

Quando eu morrer
Não vá ao enterro, não acenda vela
Só nós que sabemos da nossa novela
E vão estranhar a tua tristeza
Não fique de luto, nem vá levar flores à sepultura
Ninguém mais conhece a nossa aventura
E alguém vai pedir-lhe uma satisfação
Deixe as coisas como elas estão

A moringa de barro atrás da fruteira
E a lista da feira, faltando as bananas
Que nos fins-de-semana o menino não vem
Deixo cinco de vinte, levo uma de cem
Quando saio segunda, sem você perceber
Deixo a casa em silêncio, o coração partido
Num bilhete o pedido que eu vou lhe fazer

Quando eu morrer
Não vá ao enterro, não acenda vela
Só nós que sabemos da nossa novela
E vão estranhar a tua tristeza
Por gentileza, não vá levar flores à sepultura
Só nós que sabemos da nossa aventura
E alguém vai pedir-lhe uma satisfação
Deixe as coisas como elas estão



Credits
Writer(s): Luca Argel
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