Dirijo

Então deixa que eu dirijo
Bebi mas não tô loco
Pode deixar que hoje eu tô que tô, piloto
Pode pá que é pouca ideia e pá, passa o rodo
O barulho para o posto
Sedan preto fosco
Cidade é minha, eu conheço os radar
Santana pra Vila Madá
Se eu passar tu não vai nem ver
Vou parar de enrolar
Pacaembu tá vazio
Então vai
Bota o pé, acelera essa fita ae

Reduzo cinco vidas, pela brisa
Vê bem como fala
Eu bebi mas sou sommelier
Tem quem aconselha e lê
Gentleman, só Perrier
Bon vivant da série de 1-9-9-0
Que segue sem CLT (é quente)
Mas é sério, que fita
Me difere desses que não sabem o que é viver
O arrepio na pele, sem cinto com a Kelly Key
Benção, siga o Waze que evita que eu espere

Então deixa eu viver do meu jeito
Tô na febre então passo batido o comando
Com a mina assustada no banco chorando
Pedindo pro pai parar
E eu numa noite de GTA
Noite de gala, fuga da pala
Cala minha fala na pista que estala e rala o pneu
Problema não é meu
Minha vista tá quase um breu, como assim?
Fuga de gala, na noite, na palha
E o fim fica fácil de ver, carro na vala

Corpo choca, osso quebra, vidro, caco, quebra laço
Vidro corta o peito, estilhaço embaixo do meu braço
Rente ao baço
A um passo do fracasso
Encontro com seu pavor
Cheio de se impor
Peito de aço que assou
Tempo que parou pra poupar a dor
Meu desprezo não vai passar batido
Redigido a saga de um roteiro partido
De GTi pra UTI quem se atreveu a ser tão atrevido

Fugindo desse cárcere
É o som servindo o cálice
Mísero, é ultraje
Cinco pras quatro
Um brinde risca a clave
Não, não encosta na minha chave
Outra cena de Kubrick
Sem confundir as leis, ser rude
Eu bato o espelho num Jeep
Subi a Pamplona num Civic
Cê me conhece, eu num sei mentir
Tô suave pra dirigir
Nesse chamariz de enquadro, re-vi meu passado
Vidro tá embaçado, ignorei fui errado
Pra lembrar internado, porra (damn)

Parceiro hoje eu quero viver
Já não basta ver tanta desgraça ligando a TV
Mas não quero aparecer
Já não basta meu peso nos ombros
Um gole da pura pro santo
E eu coleciono os escombros
E eu faço parte dos contos daquele clichê
Que no auge da vida tampou a ferida com Cine Privê
Bebida, mulheres, mulheres, volante na febre mas vou
Aumenta o volume da caixa, na pista não olha pro lado persona bolada que sou
(Tá achando que é brincadeira né meu chapa)
E agora não adianta chorar o leite derramado no carpete
Já não tem mais valor o seu topete, não se mete
Pois a vida e a morte compete
Não tava no set
O choro da mãe com semblante agonia
No instante em que a filha pagava um boquete
Na pilha de passar no teste
Super Homem agora é The Flash
Com destino inseguro da Norte pra Leste
Não adianta nada que eu disser
Tá difícil de ficar de pé
Pro cê vê que você não acredita no mal
Mas o mal acredita em você

Lá se foi o prazer, a ferida não curou
Dava tempo, mas é hospital público
Plantão do doutor no dia ele sumiu, faltou
E agora que a tua mina logo engravidou
Vai morando de favor na casa do avô e da avó
A mãe que vira o pai, o pai que virou pó

Deixa que eu dirijo
Bebi mas não tô loco
Pode pá que hoje eu tô que tô, piloto
E do nada céu claro
E não tenho força
Eu não tenho carro
Eu reparo, hoje eu tô que tô

Complexo viver
Acontece no aniver
Não é fixo, é livre
Cuidado com o sinal vermelho
Compete com si mesmo
Sem nexo esse Guinness
Reflexo dos cíveis
Cuidado com o sinal vermelho
Complexo viver
Acontece no aniver
Não é fixo, é livre
Cuidado com o sinal vermelho
Compete com si mesmo
Sem nexo esse Guinness
Reflexo dos cíveis
CUIDADO!



Credits
Writer(s): Victor Correia Alves, Pedro Henrique Venturelli Antunes Da Silva, Rafael Fernandes Spinardi, Matheus Hupalo, Victor Correia Alves De Oliveira
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