À Porta do Edifício

Desde as oito
Que te espero na calçada
Há de vir a madrugada
E você nem dá sinal

Estou plantado
À porta do edifício
O amor é um doido vício
Eu já li tanto jornal

Os vendedores com artefatos coloridos
Chapéus, máscaras, vestidos
Fazem crer que vai chegar o carnaval

Há quantas horas
Eu converso com o porteiro
E um cigarro companheiro
Lenitivo pro meu mal

Volto pra casa
Entre o asfalto e a ferrugem
Automóveis como feras
Vociferam, gritam, rugem

E eu me sinto
Tão sozinho quanto triste
Se a alegria existe
Mora longe, vive além

Até a lua escondida atrás da nuvem
Escondida, mas vivida
Sabe que você não vem



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