Décima do Pelego Atado

Buçal trançado a capricho
Tento a tento destinado
Um par de rendilha larga
E um bocal bem apertado

Um paisano, minha confiança
E um chergãozito dobrado
Arrasto o garfo pachola
Alço a perna e tô sentado
Por ser pregado nos bastos
Me chamam pelego atado

Então, convido o rosilho
O baio, o mouro e o tostado
Me acomodo e solto o verbo
Num sapucai desdobrado

Acompanhando o balanço
O mango surra alternado
E as rosetas talareando
Num repicar debochado
É o Rio Grande que renasce
No lombo de um desbocado

E vou bem perto do céu
Centro de toda existência
Ainda tapeio o chapéu
Num gesto de reverência

E o maula batendo os pulsos
Num rasgo de prepotência
Vou fazendo dos meus bastos
Um altar de confidências
Rezando um terço pro pago
Pedindo paz na querência

E a paz lembra o silêncio
Que ronda o vazio do ninho
O peito se não amanso
Não pousa nem passarinho

Encilho o mouro tapado
Misto de flor e espinho
Bem tosado cola e crina
Até os cabelos do machinho

E vou campear no Canta Galo
Um enfeite pra o meu ranchinho
E vou campear no Canta Galo
Um enfeite pro meu ranchinho
E vou campear no Canta Galo
Um enfeite pro meu ranchinho



Credits
Writer(s): Jari Terres
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