Conflitos - Ao Vivo

Essa noite pra dormir foi cruel
Passei a madrugada contando estrelas no céu
A depressão teve aqui pra me ver
Trouxe uns amigos que eu não tive prazer em rever
Veio o Ódio, a Tristeza, a Impaciência e também a Descrença
Troquei até uma ideia pra desbaratinar
Mas não via a hora de poder me jogar
Numas ideias bestas, cheias de rancor
Meu coração entristeceu, sofreu, chorou
O Ódio era aquilo, só falava do mal
De drogas, armas, vingança e tal
Cheguei a perguntar pelo Amor, onde estava
E ele respondeu que se trombasse, o matava
Falou que o Amor só pisava na bola, só falava de alegria e de coisas da hora
Sei lá
É só pensar, irmão
O Ódio é cabuloso, atiça, promove a discórdia dos outros
Me dizia sem parar:

Você tem que cobrar, essa pilantra que falhou com você tem que pagar

Ó, se pan é o seguinte, o Ódio até tem razão
O que fazer com quem pratica traição?
Não sei, não, morô?
Vou ficar de segunda, será que compensa rajar a vagabunda?

Claro que sim, ela te fez de moleque
Corre atrás, doidão, mata essa pé de breque

Não, não, deixa pra lá, irmão
Não é o caminho
Mal acompanhado jamais, melhor sozinho

Lembranças más vem, pensamentos bons vai
Me ajude, sozinho penso merda pra caralho

O Ódio ficou triste, parou de falar
Se ligou que não ia conseguir me arrastar
Ficou de canto só me observando
Numa deixa a Tristeza veio se aproximando
Sorriu com maldade, sentou perto de mim
Olhou nos meus olhos e disse assim:

Dá licença aqui, sou a Tristeza
Como é que cê tá pela ordem, firmeza?
Você me conhece, já bati na sua porta
De vem em quando, tô na sua porta
Lembra o dia em que o Publik faleceu?
Então, eu vim aqui naquele dia, era eu
Você me emprestou seu coração pra eu ficar
Me instalei e fiquei vários dias a te perturbar
Sou assim mesmo, chego e vou ficando
E se você fraquejar, acabo te matando
Te faço enlouquecer, te levo pro além
Sou cúmplice da morte, já matamos mais de 100
Milhões, bilhões, um número infinito
Amarelo, preto, branco, pobre ou rico
Imagina, eu não sou preconceituosa
Namoro qualquer um, o vermelho, o rosa
Meu beijo é amargo, tem gosto de fel
Meu abraço é infeliz, traiçoeiro, cruel
Sua esposa também me conhece
Sua mãe dificilmente me esquece
Eu não sou Deus, mas também posso estar
Aqui, ali, ou em qualquer lugar
Na cadeia, no asilo, no hospital
No orfanato, até mesmo no seu quintal
Em velórios sempre tô presente
Em volta do caixão, ao lado dos parentes
Haha
Depois levo eles para casa
Fico anos e anos, queimando feito brasa

A Tristeza falou demais
Me atacou, me deprimiu, ladrão
Me chateou

Só ódio e maldade
Compaixão é raridade
Dá pra se contar nos dedos
Irmãos de lealdade

Acreditar, bem que eu gostaria se pudesse
Em tudo aquilo que os mano me oferecem
Mas eu não consigo, minha mente é confusa
Me liguei no volume debaixo da blusa
O aperto de mão pra mim já foi estranho
Não conheço de lugar nenhum, já tá de bom tamanho
Senti um calafrio soprar a minha alma
E minha pouca fé me pedindo: "Muita calma"

E esse fulano aí, o que que ele falou de mim?

É ruim de eu abraçar uns elogios assim
A casa de Deus é o melhor lugar
Pra estar, refletir, pensar, se encontrar
Quero mudar, mas tô sem direção
A descrença é foda, agoniza o coração
O suicídio é lento, minha guerra é intensa

O que tá acontecendo comigo? Dá licença!

Veja, a Impaciência colou
Mas não teve paciência de esperar e se jogou
É, nem ela conseguiu suportar o tédio
Perdeu a linha, tumultuou o prédio
Esses conflitos me judia
Vou pro meu descanso, amanhã é outro dia



Credits
Writer(s): Marcos Fernandes De Omena, Leandro De Arruda
Lyrics powered by www.musixmatch.com

Link