Vozes da Seca

Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulistas nesta seca do sertão
Mas doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão

É por isso que pedimos proteção a vosmicê
Homem, por nós, escolhido, para as rédias do poder
Pois doutor, dos vinte estados, temos oito sem chover
Veja bem, mais da metade do Brasil tá sem comer

Dê serviço a nosso povo, encha os rios e barragens
Dê comida a preço bom, não esqueça a açudagem
Livre assim, nós da esmola, que no fim desta estiagem
Lhe pagamo inté os juros sem gastar nossa coragem

Se o doutor fizer assim, salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação
E nunca mais nós pensa em seca, vai dá tudo neste chão
Como vê, nosso destino, mercer tem na vossa mão

Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulistas nesta seca do sertão
Mas doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão

Ó, Fagner
Oi, Lua
Quando eu gravei esse baião, Gonzaguinha não era nascido ainda
Será que as coisa mioraro?
Ra, eu acho que pioraro viu, Lua
Porque o que era quase a metade, hoje é mais da metade
Os homi trocaro de roupa mas continua com a merma sé vergonheza
Ave Maria, Nordeste tão alegre, tão quente, tão bonzin né

Mas e o povo, rapaz, tão sambudo que é, rapaz
Ô, mai ra... fica...
Tão forrozeiro que é
Fica pedindo uma esmolinha
Ave Maria

Ai doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
Ou vicia o cidadão



Credits
Writer(s): Luiz Gonzaga Do Nascimento, Jose De Souza Dantas Filho
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