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E em verso te amei

Além da costa,
Além da voz,
Além da vida.

E todas as minhas linhas
Tombavam poemas de amor
Ou uma outra coisa,
Que em estrofe se tinha,
Ora carta ao desejo,
Ode ao dissabor.

Tu foste, o primeiro e o último.
Um algo
Embora, por isso, tudo,
Na escuridão.
E se isto não está correto,
Se isto confunde as marcas do espaço,
Não vejas. Ouve

Por entre a costa,
Por entre a voz,
Por entre a vida.

Vi o meu corpo negar-me,
Trair a sua própria essência.
E sob a pele não há remanescência
De um pedaço de vida,
Que não pulsasse por ti.

Amei-te tanto quanto o
Coração permite
(talvez por isso ele tenha cedido)
E seu desgosto dispersou-se,
Tomando a carne e os meus sentidos,
Fazendo de toda ela um negro pedido
De ser nada
Sob a costa,
Sob a voz,
Sob a vida.

E agora derrama-se de mim
A minha alma.
E agora não há rios, nem terras,
Nem cidades.
E agora grito,
Luto que se faz restrito,
Somente por escrito,
Somente por nada.



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