Peão

Diga, você me conhece, eu já fui boiadeiro
Conheço essas trilhas, quilômetro, milhas
Que vem e que vão pelo alto sertão
Que agora se chamam não mais de sertão
Mas de terra vendida, civilização

Ventos que arrombam janelas e arrancam porteiras
Espora de prata riscando a fronteira
Selei meu cavalo, matula no fardo
Andando ligeiro e um abraço apertado
Suspiro dobrado, não tem mais sertão

Os caminhos mudam com o tempo
Só o tempo muda um coração
Segue o seu destino, boiadeiro
Que a boiada foi no caminhão

A fogueira à noite, redes no galpão
O paiero, a moda, o mate, a prosa
A saga, a sina, causo e onça
Tem mais não, ô peão

Tempos e vidas cumpridas, pó, poeira, estrada
Estórias contidas nas encruzilhadas
Em noites perdidas no meio do mundo
Mundão cabeludo onde tudo é floresta
Campina silvestre, mundão caba não

Sabe que "prum" bom viajante nada é distante
"Prum bão" companheiro num conto dinheiro
Existe uma vida, uma vida vivida
Sofrida e sentida de vez por inteiro
E esse é o preço "preu" ser brasileiro

Os caminhos mudam com o tempo
Só o tempo muda um coração
Segue o seu destino, boiadeiro
Que a boiada foi no caminhão

A fogueira à noite, redes no galpão
O paiero, a moda, o mate, a prosa
A saga, a sina, causo e onça
Tem mais não, ô peão



Credits
Writer(s): Almir Sater, Renato Teixeira
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