Vinde a Mim

O sol que aquece meu corpo ofusca
Meu olhar, mas não há mais o temo
Agora sei que meus passos no escuro enfim
Me levaram além do mito que em dias
Que pensei estar tão certo
Me fez sangrar por meus olhos ao não ver
Nada além do medo e da dor
Pobre criança, te ajoelhes e chores por crimes
Que nunca imaginou ter cometido

Peço perdão pagão e vinde aos braços que te aguardam
Pra roubar-te a inocência e dar-te a dor
Da angústia e da incerteza

Tantas vezes pensei andar em plumas
Tropeçando sobre brasa e lanças
Ouvi a tua voz dizer que um dia ia ter
A paz que sei nunca guardaste pra mim

E ouvi teus profetas à me dizer que não há fim em tua bondade
Caminhando entre a peste que corrói teus filhos
E o olhar faminto e sem vida dos que beijam teus pés
Não posso mais tocar-te porque deixei de crer em teus brados heróicos

Adeus, agora que sei que nas mais altas montanhas
O vento é bem mais forte
E tua sombra não mais queima
Quem ousa te olhar nos olhos
E ver que teus castelos são de areia
E que não há nada além de tinta
E sangue em tuas escrituras



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