Alvo

Seis colunas de fumaça se ergueram ao mesmo tempo
Na Zona Norte de São Paulo
Eles puseram fogo em nove ônibus e dois caminhões
Mais uma criança foi vítima de uma bala perdida no Rio de Janeiro

No foco do problema há dias
Não chove uma solução, lá vem a cavalaria
Bomba explode, eu já sabia
Realidade é foda, escolhe a vitima da covardia
E o sangue escorre na calçada fria

Aquela dança cansa
Quantos de nós se foram esperando a esperança?
A chama avança, invade e toma a cidade
A seca virou tempestade
Corre, corre, já é tarde, o caos virou necessidade

Tá ouvindo isso?
O protesto começou no fim da tarde
Quando os manifestantes deixaram o museu
Que fica próximo à capital
E seguiram em direção ao Congresso Nacional

Tiro, porrada e bomba
Tira o rei da sombra que o play tá cheio de Black bloc
Em nome da lei, os bad cop
Fogo nos KKK e nós é sarna
Oh Lord, é a Santa Ceia
Clareia o chão dos irmão de arma

Tem dia que é noite, sete e meia, cena dois
Lua cheia e os cana pau-meia de 762
Em meio a tensão que passeia, mil volts
Vai vendo, o cheiro do veneno
Ainda é mais forte que os perfumes das flores

Somos autores do crime de nascer nesse front, iê
Ouço o som dos nossos tambores
Vento a nosso favor e nada será como antes

Ônibus já foram queimados no Rio em 2017
(Como antes)
No terceiro mundo
De repente tá acontecendo nesse momento no Iraque
Na Síria, essa é a realidade

Ninguém tá a salvo
(No foco do problema)
O barulho do tiro ecoou

Ninguém tá a salvo
(A área tá minada)
Mira ou vira alvo

Ninguém tá a salvo
(No foco do problema)
O barulho do tiro ecoou

Ninguém tá a salvo
(Ninguém está a salvo)
Mira ou vira alvo

Ahn
Nada será como antes, vida se perde em instantes
Estado quebrado, a chapa tá quente
Andamos como vigilantes

Confronto é normal, tiros de ParaFAL
A bala perdida que tira uma vida
E nem vira notícia de jornal

O dilema que nós temos
Todo mundo é igual
Mas na hora de morrer o preto vale menos
Sem comoção, é natural
111 tiros, cinco mortos com reflexo do que seremos

(O caos virou necessidade) sem meio-termo
O toque de recolher no território sem governo
Que vai fabricando vários homem-bomba
De guerra com a polícia que mais mata e também tomba

A cena é triste no funeral
A lágrima de mãe que perde filho é tudo igual
Os olhos perdem força pra chorar
Pelo sorriso do parente que se foi e não pode mais voltar

Cabelo crespo, pele parda
Foi um tiro estatal que matou a estudante Maria Eduarda
Difícil sobreviver
Arthur foi atingido na barriga da mãe antes de nascer

Por nada vagabundo larga o dedo
População fica acuada com a política de medo
Vamos empilhando corpos, ninguém tá a salvo
Na cidade do pecado, quem tá vivo vira alvo

Ninguém tá a salvo
(No foco do problema)
O barulho do tiro ecoou

Ninguém tá a salvo
(A área tá minada)
Mira ou vira alvo

Ninguém tá a salvo
(No foco do problema)
O barulho do tiro ecoou

Ninguém tá a salvo
(Ninguém está a salvo)
Mira ou vira alvo (vira alvo)

O barulho do tiro ecoou
Mira ou vira alvo (ninguém tá a salvo)
Mira ou vira alvo (ninguém tá a salvo)
Mira ou vira alvo
O barulho do tiro ecoou
Vira alvo, mira ou vira alvo



Credits
Writer(s): Matheus Augusto De Figueiredo, Daniel Jose Dos Santos Esteves, Uiane Pires Monteiro, Alex Pereira Barboza
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