Rossio

Deixo o lixo à porta
A rir com persistência
A pá deve estar torta
Gabo-lhe a paciência

Faço por não existir
Nem o reflexo no chão
É raro ver-me sorrir
Nem na foto do cartão

Folgam as costas, vêm os medos
Nas horas mortas, faço as contas, calos nos dedos

Folgam as costas, vêm os medos
Nas horas mortas, faço as contas, calos nos dedos

Nem a sombra fica
No buraco que cavo
O suor cai em bica
Quase apaga o cigarro

Despejo os restos de ontem
A cidade sozinha
Veste-se com desdém
Desta luz que se avizinha

Folgam as costas, vêm os medos
Nas horas mortas, faço as contas, calos nos dedos

Folgam as costas, vêm os medos
Nas horas mortas, faço as contas, calos nos dedos

O comboio partiu
Quando chego à estação
Nem os pombos do Rossio
Sabem do meu coração



Credits
Writer(s): Filhos Da Mae
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