Shri Guru Gita (Recitado em Português)





Oṁ. O Senhor SadaŚiva é o vidente dos mantras deste hino,
Śrī Guru Gita.
Sua deidade é o Guru, o Ser Supremo.
Śrī Prem Baba é nossa inspiração ao entoá-lo.
O propósito de repetí-lo é alcançar a graça do Guru.

Agora medita:

[O Guru, que mora no] o lótus da cabeça
Rodeado pelas pétalas divinas haṁ e saḥ,
Que existem em todos os seres e são a causa do mundo,
Manifestou o universo à sua maneira, e por seu próprio livre arbítrio.
Medita no Guru que revela Isto,
Que é na verdade a expressão do estado de śambhava.
O estado de śambhava (o estado de Śiva),
Que resplandece como uma chama,
Que é eterno e todo penetrante,
E que é uma forma visível de toda as letras.

Repito a Guru Gita para obter as quatro metas da vida:
[Dharma, retidão; artha, riqueza; kāma, prazer; e mokṣa: liberação].

Suta disse:
No belo cume do monte Kailāsa,
Depois de se inclinar com todo o respeito ante o Senhor Śiva,
Que nos conduz à união (com o Absoluto) mediante a devoção,
Pārvatī perguntou:

A Deusa disse:
Oṁ. Saudações, ó Deus, ó Senhor dos Deuses,
ó Tu mais elevado que o mais elevado,
ó maestro do universo, ó Tu o Benevolente, ó grande Deus,
Inicia-me no (conhecimento) do Guru.

Ó Senhor! Que caminho deve seguir uma alma encarnada
Para unir-se com Brahman
(A realidade absoluta)?
Tenha compaixão de mim, ó Senhor!
Me inclino diante de Teus Pés.

O Senhor disse:
Ó Deusa, tu és o meu mesmo Ser.
Movido pelo amor, te explicarei.
Ninguém jamais me fez essa pergunta,
Que beneficiará a todo mundo.

[Este conhecimento] é difícil de obter nos três mundos.
Escuta. Vou te revelá-lo.
Brahman não é outro que o Guru.
Ó bela, esta é a verdade.
Esta é a verdade.

São néscios os que praticam ritos de sacrifício,
Votos, penitência, japa,
Caridade e também peregrinações,
Sem conhecer o princípio do Guru.

O Guru não é diferente do Ser Consciente.
Sem dúvida esta é a verdade,
Esta é a verdade.
Através dela, os homens sábios, claro está,
Deveriam esforçar-se em buscá-lo.

Māyā, a ilusão do mundo,
O conhecimento velado nascido da ignorância,
Reside no corpo humano.
Se chama "Guru" aquele por qual a luz surge

Movido pela compaixão,
Te direi como pode a alma encarnada converter-se em Brahman,
Purificando-se de todos os seus pecados
Mediante o serviço aos Pés de Śrī Guru.

Jogue água na cabeça recordando os pés de lótus do Guru.
Assim uma pessoa obtém os benefícios de banhar-se
Em todos os lugares de peregrinação.

A água dos pés do Guru
de secar o lodo dos pecados da pessoa,
De acender a luz do conhecimento,
E de guiá-la suavemente através do oceano da existência mundana.

Para adquirir conhecimento e desapego,
Deves sorver a água dos pés do Guru,
A qual destrói a raiz da ignorância,
E põe fim aos karmas,
renascimento.

Havendo sorvido a água dos pés do Guru,
a comida que haja deixado o Guru.
Deves meditar sempre na forma do Guru,
E repetir continuamente o mantra do Guru.

Sua morada é a terra sagrada de Kāśī.
A água de seus pés é o [rio sagrado] Ganges.
O Guru é Viśveśvar
(O Śiva do famoso templo de Kāśī).
Ele é, certamente, o mantra libertador.

A água dos pés do Guru [é a água mais sagrada].
O Guru é Gayā (um lugar sagrado).
O Guru é o baniano Akshaya (a árvore sagrada),
E também é o Prayag (confluência dos três rios sagrados).
Saudações uma e outra vez ao Guru
Que é o melhor lugar de peregrinação.

Recorda sempre a forma do Guru.
Repita constantemente o divino nome que o Guru tenha te dado.
Siga (sempre) os comandos do Guru.
Não pense em nada mais que no Guru.

O conhecimento supremo que está na língua do Guru
Se pode obter por meio de sua graça.
Medita sempre no Guru,
Da mesma forma que uma esposa ou marido virtuosos
(Pensam constantemente) em seu cônjuge.

Abandona (os pensamentos de) tudo isto.
Tua situação atual na vida,
Tua casta, tua reputação,
O aumento de teu bem-estar.
Não penses em nada mais que no Guru.

Os que não pensam em nada mais que em Mim
Alcançam facilmente o estado supremo.
Por isso esforça-te ao máximo em honrar ao Guru.

Nos três mundos, Deuses, demônios, demônios-serpentes e outros,
Proclamam claramente que o conhecimento que reside na língua do Guru
Se obtém somente por meio da devoção a Ele.

A sílaba gu é a obscuridade, e diz-se que a sílaba ru é a luz.
Não há dúvida de que o Guru é, com efeito, o conhecimento supremo
Que absorve a (obscuridade da) ignorância.

A primeira sílaba gu
Representa princípios tais como māyā e outros;
E a segunda sílaba, ru, o conhecimento supremo
Que destrói a ilusão de māyā.

Por isso, o estado do Guru é o estado mais elevado.
E é difícil de alcançar mesmo para os Deuses.
O adoram verdadeiramente os seguidores de Haha e Huhu
E (outros) Gandharvas (músicos celestiais).

(...) Um aspirante espiritual deve oferecer
Assentos, camas, vestimentas,
Ornamentos, veículos,
e outras coisas que comprazam ao Guru.
Deve honrar ao Guru; deve dedicar-lhe toda sua vida.

Faz a saudação do tronco estirado diante do Guru sem reservas
E sirva-lhe continuamente com teus pensamentos,
Tuas palavras e tuas ações.

Dedica ao Sadguru o corpo, os sentidos e o prāṇa.
Dedica ao Sadguru tua própria esposa ou marido,
E todos os demais.

Ó bela, não deixes de dedicar
(Ao Guru este corpo que está cheio de) germes,
Lombrigas, desejos, urina e fezes malcheirosas,
Catarro, sangue, pele e carne,
E (que finalmente se reduz a) cinzas.

Saudações a este Śrī Guru,
Por meio de quem, com efeito, se salvam todos (os devotos)
Que subiram a árvore da existência mundana
E se estavam caindo ao oceano do inferno.

O Guru é Brahma. O Guru é Viṣṇu.
O Guru é o Senhor Śiva.
O Guru é realmente o supremo Brahman.
Saudações a este Śrī Guru.

Saudações ao Śrī Guru, que é Śiva,
A causa única do universo,
A ponte que cruza o oceano da existência mundana
E o maestro de todo conhecimento.

Saudações a este Śrī Guru,
Quem, com o colírio do conhecimento,
Abre os olhos daquele que está cegado
Pela obscuridade da ignorância.

Para (dar-me) o verdadeiro conhecimento do mundo,
(Tens-te feito) meu pai, minha mãe, meu irmão e meu Deus.
Saudações a este Śrī Guru.

Saudações a este Śrī Guru,
Por cuja realidade o mundo é real,
Por cuja luz o mundo se ilumina
E por cuja alegria (a gente) se alegra.

Saudações ao Śrī Guru,
Por cuja existência este (mundo) é real,
Que brilha através da forma do sol,
E por cujo amor queremos aos filhos e aos demais.

Saudações a este Śrī Guru, que ilumina este (mundo)
Mas ao que a mente não é capaz de iluminar.
(Ele também ilumina) os estados de vigília, sonho
E sono profundo.

Saudações ao Śrī Guru, cuja única forma é a forma da verdade
E por cujo conhecimento se deixa de perceber este mundo
Como algo dividido por diferenças.

Aquele (que pensa) que não sabe, sabe;
Aquele (que pensa) que sabe, não sabe.
Saudações a este Śrī Guru,
Que não tem outros pensamentos (que não sejam o Absoluto).

Saudações a este Śrī Guru,
Que aparece como o efeito (do mundo) do qual Ele é causa.
Ele é às vezes a causa e o efeito.

Todo este (mundo) aparece em várias formas
Porém (nele) não existe diferença alguma.
É meramente (uma relação de) causa e efeito
(Que são o mesmo).
Saudações a este Śrī Guru.

Saúdo ao Śrī Guru, cujos dois pés de lótus
Dissolvem a dor da dualidade,
E que sempre nos protegem das calamidades.

Se Śiva se enfada, o Guru pode te salvar,
Mas se o Guru se enfada, nem sequer Śiva pode te salvar.
Por isso, com todo teu esforço, refugia-te em Śrī Guru.

Me inclino diante dos dois pés do Guru
Que estão ao alcance da palavra,
Da mente e da inteligência,
E que têm diferentes tons — branco e vermelho —
Que representam a Śiva e a Śakti,
E que são o mais elevado.

[Os dois pés do Guru são Śiva e Śakti.
O pé esquerdo é Śakti, que é vermelho,
E o pé direito é Śiva, que é branco.]

A sílaba gu é aquilo que transcende todos os atributos,
E a sílaba ru é aquilo que não tem forma.
Assim que se diz que o Guru é aquele que outorga o estado
Que está mais além dos atributos (e da forma).

Ó amada minha, diz-se que Śrī Guru é (Śiva,) a testemunha de tudo,
Ainda que sem os três olhos,
É Viṣṇu sem os quatro braços,
E é Brahma sem as quatro faces.

Junto as minhas mãos (em forma de saudação)
Para que possa aumentar o oceano da compaixão (do Guru),
Por cuja graça um ser mortal se liberta do mundo das diversidades.

Para aquele que tem o olho da discriminação,
A forma suprema de Śrī Guru é néctar.
Os desafortunados não podem percebê-lo,
Do mesmo modo que os cegos não podem ver a saída do sol.

Ó amada minha, inclina-te cada dia com devoção
Em direção ao ponto onde se encontrem os pés de Śrī Guru.

Ó nobre, os sábios sempre oferecem um ramalhete
Ressonando com zumbidos de abelhas
Na direção em que esteja desperto Bhagavān,
O soberano Guru. Ele é a eterna testemunha do drama da manifestação
E a dissolução deste universo.

(...) Constantemente sirva tão somente a um Guru
Para lograr um estado espontâneo e natural.
Quando este estado surge, o poderoso prāṇa se aquieta imediatamente
E espontaneamente.

Contemplar a forma do próprio Guru
É contemplar o infinito Śiva.
Cantar a glória do nome do Guru
É cantar a glória do infinito Śiva.

Adoramos ao Senhor Guru,
Pois somente uns poucos punhados de pó de seus pés
Formam uma ponte para atravessar o oceano do mundo.

Ao receber sua graça, devemos renunciar a muita ignorância.
Saudações ao mais elevado Guru
Que nos ajuda alcançar o objeto de nossos desejos.

Os pés de lótus (do Guru),
Que extinguem o fogo abrasador de toda a existência mundana,
Estão situados no centro do lótus branco
No círculo da lua de Brahmāraṇḍhra
(O espaço oco da cabeça).

No espaço circular do lótus das mil pétalas,
Existe um lótus triangular, que é formado pelas três linhas
Que começam com a, ka e tha,
E que tem haṁ e saḥ em dois de seus lados.
Deves recordar ao Guru, que está no centro (deste lótus).

Que o olhar divino do Guru descanse sempre sobre mim.
Esse olhar cria todos os mundos.
Faz que tudo prospere ao máximo.
Reflete o ponto de vista de todas as sagradas escrituras.
Considera as riquezas como algo sem valor. Elimina as faltas.
Permanece centrado no Último.
É o religador mais alto dos três guṇas,
Os quais constituem o mundo.
Seu único objetivo é (conduzir aos demais pela senda da) liberação.

É o pilar central que sustenta o cenário de todos os mundos.
Derrama o néctar da compaixão.
É o conjunto de todos os tattvas (princípios da criação).
É o que cria o tempo. É Saccidānanda.

(O princípio do Guru) move e não move.
Está longe e ao mesmo tempo está perto.
Está dentro de todas as coisas e também fora delas.

(Assim o Guru sabe:)
"Não tenho nascimento, estou livre da velhice.
Meu ser não tem princípio nem fim.
Sou incambiável.
Sou consciência e felicidade,
Menor (que o menor de todos), maior que o maior de todos.

Estou mais além de todas as coisas primárias.
Sou eterno, auto-luminoso, sem mancha e puro.
Sou o supremo éter. Sou imóvel, ditoso e imperecível."

Percebe o poder espiritual (do Guru)
Por meio das quatro (fontes de conhecimento):
Os Vedas, a percepção direta,
Os textos históricos sagrados, e a inferência.
Recorda sempre ao Guru.

Ó tu, a de grande inteligência,
Vendo tua piedade, agora vou te dizer como Lhe contemplar.

Saudações a este Śrī Guru, que revela este estado
Que penetra toda a esfera deste universo,
Composto de objetos animados e inanimados.

Saudações a este Śrī Guru
Cujos pés de lótus estão adornados com as jóias reais
(As Mahāvākyas
— As grandes afirmações das Upaniṣades) de todos os Vedas.
Ele é o sol para a lótus do Vedānta
(No sentido de que sua luz faz florescer as verdades espirituais).

Saudações a este Śrī Guru,
Por cuja simples recordação faz surgir
O conhecimento de forma espontânea,
E que, sem dúvida, contém em si todas as dádivas.

Saudações a este Śrī Guru
Que é a Consciência eterna, serena, imaculada,
Transcendendo o céu,
E mais além do Nāda (o som primordial),
Do Bindu (o ponto último [de luz]),
E da Kāla (a manifestação do mundo).

Saudações a este Śrī Guru
Que penetra a totalidade do universo,
Composto do mutável e do imutável,
E também do animado e do inanimado.

Saudações a este Śrī Guru
Que está firmemente estabelecido no poder do conhecimento
E está adornado com a guirlanda dos princípios da criação.
Ele outorga a realização mundana assim como a salvação.

Saudações ao Śrī Guru,
Quem ao compartilhar o poder do conhecimento do Ser,
Queima todos os karmas
Adquiridos através de incontáveis vidas.

Saudações ao Śrī Guru.
Não existe verdade mais alta que o Guru,
Nem austeridade maior que o (serviço ao) Guru,
Nem verdade maior que conhecê-Lo.

Saudações a este Śrī Guru.
Meu Senhor é o Senhor do universo.
Meu Guru é o Guru dos três mundos.
Meu Ser é o Ser de todos os seres.

Saudações a este Śrī Guru.
Meu Senhor é o Senhor do universo.
Meu Guru é o Guru dos três mundos.
Meu Ser é o Ser de todos os seres.

A raiz da meditação é a forma do Guru.
A raiz da adoração são os pés do Guru.
A raiz do mantra é a palavra do Guru.
A raiz da liberação é a graça do Guru.

Saudações a esse Śrī Guru.
O Guru é o princípio [de tudo, porém] Ele não é o princípio.
O Guru é a deidade suprema.
Não existe nada mais elevado que o Guru.

O mérito que se obtém banhando-se em todas as águas sagradas,
Até nos sete mares,
Não é difícil de se obter [sorvendo tão somente]
Da milésima parte de uma gota de água dos pés do Guru.

Se o Senhor Viṣṇu está enfadado, o Guru te proteje,
Porém se o Guru está enfadado, nada pode te salvar.
Por tanto, com todos os teus esforços, toma refúgio em Śrī Guru.

Verdadeiramente o Guru é o universo inteiro,
Que consta de Brahma, Viṣṇu e Śiva.
Não existe nada mais elevado que o Guru.
Por isto, adora ao Guru.

Mediante a devoção ao Guru,
Se obtém o conhecimento assim como a sabedoria.
Não existe nada mais elevado que o Guru.
Os que seguem a senda do Guru devem meditar Nele,
Porque é digno disso.

Não existe nada mais elevado que Ele.
Os Vedas [O descrevem] como "isto não, isto não".
Realmente, sempre deves render homenagem ao Guru
Com a mente e com tuas palavras.

Brahma, Viṣṇu e Śiva
Obtém a capacidade de criar,
Pela graça do Guru e somente por meio do serviço ao Guru.

Deuses, Kinnaras, Gandharvas, Pitṛs, Yakṣas, Caranas
(Todos os seres de diferentes ordens),
E ainda os sábios,
Todos estes desconhecem a maneira apropriada
De servir ao Guru.

Devido ao seu grande egoísmo e orgulho,
os que possuem o poder das austeridades
E o conhecimento continuarão girando (no turbilhão) da vida mundana
Como tigelas na roda do artesão.

Nem sequer os Deuses, Gandharvas,
Pitṛs, Yakṣas, Kinnaras, videntes,
Nem tampouco os Siddhas
Se liberam se se negam a servir ao Guru.

Ó grande Deusa, escuta o [método de] meditação [no Guru],
Que outorga todas as alegrias
E aporta sempre a felicidade e a realização mundana
Assim como a liberação:

Recordo a Śrī Guru que é Parabrahman.
Falo de Śrī Guru que é Parabrahman.
Me inclino diante de Śrī Guru que é Parabrahman.
Adoro a Śrī Guru que é Parabrahman.

Me inclino diante do Guru, que é a felicidade de Brahman,
E Ele que outorga a felicidade mais sublime.
És absoluto, és da forma do conhecimento.
Está mais além da dualidade.
És [todo penetrante] como o céu
E és objeto da (afirmação mais grandiosa das Upaniṣades):
"Tu és isto".
És uno, eterno, puro e estável.
És a testemunha de todos os pensamentos.
Estás mais além de todas as modificações
E livre dos três guṇas.

Me inclino diante do Guru, que é Brahman, eterno e puro.
Carente de forma e sem impurezas, está mais além da percepção.
Ele é o conhecimento eterno e a consciência, e a felicidade eternas.

Medita na forma do Guru sentado no trono
Situado no centro do pericárpio do lótus do coração,
Brilhando como a lua crescente, sustentando o livro do conhecimento
E [fazendo o mudrā que] concede o dom desejado.

[Deves meditar Nele,] que veste roupa branca,
Enfeitado de pasta branca, e adornado de pérolas e flores brancas,
Que é alegre e tem os olhos e o sorriso doce,
Que é um tesouro abundante de graça
E que tem a divina Śakti sentada em sua coxa esquerda.

Sempre me inclino diante do Śrī Guru,
Que é contentamento, e que resume a felicidade,
E que é sempre alegre, cuja mesma natureza é o conhecimento,
Que é consciente do seu próprio Ser.
É o Senhor dos yogīs, o adorável,
O médico para a enfermidade da existência mundana.

Me inclino diante Dele (o Guru),
Em quem se revelam constantemente os cinco tipos de funções:
Criação, manutenção, dissolução,
Controle e outorgamento da graça.

Pela manhã, ao recitar o nome divino,
Pensa sempre no Guru pacífico de dois olhos, e dois braços,
no lótus branco da cabeça,
E dotado com [os mudrās das mãos],
Outorgando dons e intrepidez.

Não há nada maior que o Guru.
Não há nada maior que o Guru.
Não há nada maior que o Guru.
Não há nada maior que o Guru.
Este é o ensinamento de Śiva.
Este é o ensinamento de Śiva.
Este é o ensinamento de Śiva.
Este é o ensinamento de Śiva.

Isto, verdadeiramente, é Śiva.
Verdadeiramente, isto também é Śiva.
Verdadeiramente, isto também é Śiva.
Verdadeiramente, isto também é Śiva.
Este é o meu mandato.
Este é o meu mandato.
Este é o meu mandato.
Este é o meu mandato.

Ao meditar no Guru desta forma,
O conhecimento surge espontaneamente.
Por tanto, deverias sentir:
"Estou liberado pela graça do Sadguru".

Purifica tua mente seguindo a senda que te mostra o Guru.
Deixa de lado qualquer coisa transitória que se atribua ao Ser.

A natureza essencial de todas as coisas
é algo divino de se conhecer.
Diz-se que a mente é conhecimento
(Por que o conhecimento se obtém por meio da mente).
Considera o conhecimento como algo idêntico ao objeto de conhecimento.
Não há outra forma [de chegar à liberação].

Segue recordando ao Guru enquanto perdure o corpo,
Ainda até o fim do universo.
Nunca deverias renegar do Guru,
Mesmo que atuando de uma maneira que pareça caprichosa.

O discípulo prudente nunca deveria falar
De uma maneira presunçosa,
Nem mentir diante do Guru.

Ó Pārvatī, o Guru proteje a pessoa
A quem tenha maldito os sábios,
Demônios em forma de serpente, ou até Deuses,
E também libera a pessoa do medo do tempo e da morte.

Ó Deusa, esta palavra "guru",
Composta de duas sílabas (gu e ru),
é o maior dos mantras.
De acordo com as afirmações dos Vedas e dos Smṛtis,
O Guru é a mesma realidade suprema.

Em verdade, somente os servidores [devotos] do Guru
Se chamam Saṃnyāsis verdadeiros,
Ainda que não conheçam os Vedas nem os Smṛtis.
Todos os demais simplesmente levam a roupa [de um Saṃnyāsi].

Do mesmo modo que uma vela acende a outra vela,
compartilha o conhecimento de que tudo é Brahman,
O Brahman que é imperceptível, eterno,
O mais elevado, sem forma e sem atributos.

Deverias perceber ao Ser interno através do dom da graça do Guru.
Pela senda do Guru surge o conhecimento do próprio Ser.

Me inclino diante do [Guru, que é o] Ser Supremo,
Cuja forma é este mesmo nó,
Desde Brahman até um broto de erva,
o mutável e o imutável.

Sempre me inclino diante do Guru que é Saccidānanda,
Que transcende todas as diferenças,
Que é eterno, perfeito, sem forma e sem atributos,
E que está estabelecido em seu próprio Ser.

Deve-se meditar no Guru, que é o maior dentre os maiores,
Que sempre outorga felicidade,
E que está sentado no centro do espaço do coração
como um cristal puro.

Tal como a imagem de um cristal se reflete em um espelho,
A felicidade, que é consciência, [se reflete] no Ser
E [surge a realização de],
"Verdadeiramente, Eu Sou Isto".

Escuta, vou te falar do sentimento que surge
Quando se medita na Pessoa do coração,
Que tem o tamanho do dedo polegar,
E que é Consciência.

Ó Pārvatī, há de se saber que a natureza de Brahman
Está mais além da percepção,
Mais além da compreensão, não tem nome, nem forma, nem som,
[Nem tampouco outros atributos
Que se possam perceber com os sentidos].

Igual que a fragrância é natural nas flores,
Na cânfora e em outras coisas;
Igual que o frio e o calor são coisas naturais [à água e ao fogo],
Da mesma forma, Brahman é eterno.

Depois de fazer-te [consciente de que
Tu mesmo és] como Este (Brahman),
Poderás viver em qualquer lugar.
[Então,] aonde quer que estejas, a meditação [no Guru] ocorrerá
Como a da larva na vespa.

Mediante a meditação no Guru,
A própria pessoa se converte em Brahman.
Não há dúvida de que a pessoa se libera em pinda, pada e rūpa.

Śrī Pārvatī diz:
Ó grande Deus! O que é pinda? O que que se conhece como pada?
E o que são rūpa e rūpatita?
Ó Śaṅkara! Explica-me tudo isso!

Śrī Mahādeva diz:
Pinda é Kuṇḍalinī Śakti.
Haṃsa (a espontânea repetição de haṃ sa) é pada.
Há de saber que rūpa é o Bindu (o ponto azul),
E rūpatita é o Uno puro
[Mais além dos três].

Ó bela! Se liberam em pinda
[Aqueles cuja Kuṇḍalinī está desperta].
Se liberam em pada [os que ouvem a espontânea repetição de haṃ sa].
Se liberam em rūpa [os que tenham visto o ponto azul].
Mas os que sem dúvida se liberam são os que se liberam em rūpatita
[Os que experimentam o estado transcendental mais além da forma].

Uma pessoa deveria perceber a mais alta verdade,
Fazendo-se una com tudo.
Não há nada mais alto que o mais alto.
Tudo isso existe sem [nenhuma] morada [em particular,
Já que tudo é Brahman].

Depois de havê-lo percebido por Sua graça [a do Guru],
Permanece solitário, tranquilo,
Sem desejos e sem nenhum apego.

Tanto se o alcança como se não,
Tanto se és grande como se és pequeno,
Sempre deverias desfrutá-lo sem desejo
E com a mente satisfeita.

Os sábios dizem que o estado onisciente
É aquele estado em que a alma encarnada se faz una com o Todo.
sentindo-se sempre contente e tranqüila,
Desfruta de onde quer que se encontre.

Qualquer lugar naquele em que se viva
Se converte em uma morada digna.
Ó Deusa, tenho te descrito as características de um ser liberado.

Ó Deusa, também [tenho te dado] o ensinamento
De acordo com a senda do Guru, o qual aporta a liberação.
Também tenho te explicado totalmente a devoção feita ao Guru
E a meditação [Nele].

Os ignorantes que trabalham com fins egoístas
Se afundam no oceano da existência mundana,
Enquanto que um conhecedor da verdade
Considera todas as ações que leva a cabo como não-ação.

Se alguém lê ou ouve isto [a Guru Guita] com devoção,
Deve fazer uma cópia para presentear aos demais;
Tudo isso dará frutos.

Ó Deusa, tenho te dito a pura verdade na forma da Guru Gita.
Deve-se mesmo repetí-la sempre
Para vencer as enfermidades da existência mundana.

Há de se repetir em silêncio e com desapego,
Em um lugar limpo e puro,
Tanto se se recita uma vez ao dia
Como várias vezes.

Aquele que conhece a verdade
Sempre se banha nas águas da Guru Gita
Para limpar-se das impurezas deste mundo
E liberar-se das armadilhas da existência mundana.

Ó Pārvatī,
Aquele que serve de todo coração e com profunda devoção
Se redime de todas as suas dúvidas e se libera.

Tanto os prazeres mundanos como a liberação, lhes vêm por si só.
Sarasvatī (a Deusa da linguagem e do conhecimento)
na ponta de sua língua.

Bendita é a mãe [de um devoto discípulo],
Bendito é o pai, bendita a família, e os antepassados.
Bendita é a terra [pela qual anda].
Ó Deusa, tal devoção ao Guru é extraordinária.

Não há dúvida, ó Deusa,
De que somente o Guru é o corpo, e os sentidos,
O alento vital, a riqueza, e os parentes próximos
Assim como os distantes.
Ele é o pai, a mãe, a família [inteira].

Ó Deusa, ações tais como
Repetição de mantras, votos, e austeridades
durante milhões de nascimentos
Desde o princípio do universo,
Dão fruto somente quando fica satisfeito o Guru.

Gurubhava (a absorção no Guru) é o lugar mais sagrado;
Nenhum outro lugar de peregrinação tem valor.
Ó Deusa, o dedo grande do pé [direito] do Guru
é a morada de todos os lugares de peregrinação.

Abandonando todas as más ações e os lugares degenerados,
E recitando [a Guru Gita], se obtém um sem fim de recompensas.

Me inclino diante do mantra Gururaj (a Guru Gita)
Que acaba com o grande medo [da transmigração].
É o mantra que nos resgata do oceano do mundo.
É o mantra perfeito adorado por sábios e Deuses como Brahmā e outros.
É o mantra que põe fim às privações, à miséria
E à enfermidade da existência mundana.

Assim acaba a Guru Gita,
Que tem lugar no diálogo entre Śiva e Pārvatī,
Na última parte do Śrī Skanda Purāṇa.

Om Śrī Prem Babaji Ki, Jai Ho
Om Śrī Prem Babaji Ki, Jai Ho





Śāntiḥ
Śāntiḥ
Śuśāntir Bhavatu



Credits
Writer(s): Daniel Dos Santos Caixão
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