Me Guia, Vó

Quando te vejo meus olhos sorriem
E, num desejo, queria voltar a ser criança, no teu quarto brincar
Criança, pra você me ensinar tudo o que eu já sei

Por que ninguém nos avisa da vida que é breve?
Mais breve que a brisa que levou teus passos, que corriam antes
Em saltos, abraçavam mundos
E agora é sorriso infantil
Agora é esperar

Mesmo que os amores sejam poucos, que os encontros sejam tolos
Que essa vida seja breve, que o instante seja inútil
Que o palpite seja fútil, que o romance não exista
Que o cabelo seja fraco, que o adulto não resista
Que o alarme seja falso e a piada e o artista, ilusão

Mesmo que o palhaço e o trapezista
Na dobrada da esquina deixem a lágrima cair
E os asilos da cidade sintam a dor da idade
A mesma minha e a tua dor
Que acalmou teu coração e calou minha ilusão
Ainda assim hei de te amar!

Quando te vejo meus olhos sorriem
Mesmo em passos tão raros na noite impaciente
O riso contido, palavra ausente
Ainda te peço: Me guia, me guia, vó



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