Monólogo das Grandezas do Brasil

Todo mundo sabe, todo mundo vê
Eu tenho sido amigo da ralé da minha rua
Que bebe pra esquecer que a gente
É fraco, é pobre, é vil

Que dorme sob as luzes da avenida
É humilhada e ofendida pelas grandezas do brasil
Que joga uma miséria na esportiva
Só pensando em voltar viva
Pro sertão de onde saiu

Todo mundo sabe
Principalmente o bom deus, que tudo vê
Que os homens vão dizer que a vida é dura e incompleta
Pra quem não fez a guerra e não quer vestibular
Pra quem tem a carteira de terceira
Pra quem não fez o serviço militar
Pra quem amassa o pão da poesia
Na limpeza e na alegria
Contra o lixo nuclear

Como uma metrópole
O meu coração não pode parar
Mas também não pode sangrar eternamente

Tá faltando emprego
Neste meu lugar
Eu não tenho sossego
Eu quero trabalhar
Já pensei até em passar a fronteira

Está faltando emprego
Neste meu lugar
Eu não tenho sossego
Eu quero trabalhar
Já pensei até em passar a fronteira

Eu vou pra São Paulo e Rio
Eldorados de Além-Mar
A estrada é uma estrela pra quem vai andar

Oh não não, oh não não
Oh não não, oh não não
Ai ai que bom, que bom que é
A lua branca, um cristão andando a pé
Ai ai que bom, que bom se eu for
Pés no riacho, água fresca, nosso Senhor

Vou voltar pro Norte, semana que vem
Deus já me deu sorte, mas tem um porém
Não me deu a grana, pra eu pagar o trem



Credits
Writer(s): Belchior
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