Cordel

Bem lá no alto
Só os urubus puderam ver
O embolar desse destino
Que agora desenrolo pra você

Eu canto o conto de um pobre coitado
Que não tinha nada a perder
E vendeu a alma pro diabo
Em troca de tudo o que ousasse ter

E ele não se arrependeu
E tinha orgulho dessa maldição

Não foi por mero acaso
Que em outra pessoa ele se transformou
E todo mundo naquela cidade
Perdeu as contas de quantos ele matou

E brincava por pura maldade
Com a sina de todos que encontrava
Espalhando medo e falsidade
Numa rotina de sangue e cachaça

Assim rodava por todo o cerrado
A estória do filho do cão
E o povo todo desesperado
Erguia os braços numa oração

E como que atendendo às preces
Uma menina ali desembarcou
Tal qual um anjo em forma de gente
O filho do diabo se apaixonou

E a menina morria de medo
Por ser o alvo da atenção
De uma pessoa pra quem a morte era um brinquedo
Por ser a dona do amor do filho do cão

Um belo dia depois da missa
Ela deixou ele se aproximar
Se sujeitou a todos seus desejos
Como sacrifício foi a ele se entregar

E o filho do cão, ali deitado
Domesticado, não sabia
Que aquele anjo, aquela menina
Ia cortar sua garganta enquanto ele dormia

Assim rodava por todo cerrado
A estória do filho do cão
E o povo todo agradecido
Erguia os braços na mesma oração

E assim rodava por todo cerrado
A estória do filho do cão



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