Relíquia do Meu Avô

Esta gaita de botão que a mundo afora dedilho
Foi relíquia do meu vô que passou de pai pra filho
Eu cresci tocando nela, tirando notas de ouvido
Sapecando uma vanera, na poeira do chão batido

Toca, toca gaita veia', não te entrega assim, não mais
Teu suspiro traz saudades dos meus tempos de rapaz
Toca, toca gaita veia', não te entrega assim, não mais
Teu suspiro traz saudades dos meus tempos de rapaz

Essa gaitinha mimosa é do tempo do vintém
Eu não sei por que a danada nos meus braços toca bem
Quando eu abro essa gaitinha me emborracho de alegria
Começa o cair da noite que me importa o outro dia

Toca, toca gaita veia', não te entrega assim, não mais
Teu suspiro traz saudades dos meus tempos de rapaz
Toca, toca gaita veia', não te entrega assim, não mais
Teu suspiro traz saudades dos meus tempos de rapaz

Como dá gosto de ouvir, esta gaita num surungo
Ronca mais que porco gordo e bufa que nem matungo
No compasso desta gaita eu duvido quem não dance
Canta as mágoas da saudade relembrando algum romance

Toca, toca gaita veia', não te entrega assim, não mais
Teu suspiro traz saudades dos meus tempos de rapaz
Toca, toca gaita veia', não te entrega assim, não mais
Teu suspiro traz saudades dos meus tempos de rapaz

No abrir e fechar do fole não dá folga pro gaiteiro
Se parece tico-tico, bicando pelo terreiro
Essa gaita conta a história de maragato e chimango
Tem marcas de faca e bala das peleias de fandando

Toca, toca gaita veia', não te entrega assim, não mais
Teu suspiro traz saudades dos meus tempos de rapaz
Toca, toca gaita veia', não te entrega assim, não mais
Teu suspiro traz saudades dos meus tempos de rapaz