Bellevue

Leve, levemente, como quem chama por mim
Fundido na bruma, nevoeiro sem fim
Uma ideia brilhante cintila no escuro
Um odor, a tensão do medo puro
Salto o muro, cuidado com o cão!
Vejo onde ponho um pé, iço-me à mão

Encosto ao vidro um anel de brilhantes
É fancaria a fingir diamantes
Salto à janela com muita atenção
Ponho-me à escuta, ai o meu coração

Sabem que me escondo na Bellevue
Ninguém comparece ao meu rendez-vous

Porta atrás porta pelo corredor
Um foco de luz no último estertor
No espelho um esgar, um sorriso cruel
Atrás da última porta a cama de dossel
Salto para cima, experimento o colchão
Onde era sangue é só solidão

Sabem que me escondo na Bellevue
Ninguém aparece ao meu rendez-vous

As minhas amiguinhas lá no fundo do jardim
Agora mais ninguém confia em mim

Sabem que me escondo na Bellevue
Ninguém aparece ao meu rendez-vous

Os meus amigos enterrados no jardim
Agora mais ninguém confia em mim
Era só pra brincar ao cinema negro
Os corpos no lago eram de jovens no desemprego



Credits
Writer(s): Erasmo Carlos, Roberto Carlos
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