O Espantalho

Parado ali entre os matagais
A mercê dos ventos e dos animais
Corpo de retalhos de velhos madrigais
Perto dele agora, quem era o bom já não é mais

Vive a dois com a solidão
E de capim é seu coração
Seus olhos pintados assim da cor do céu
Parecem fitar o tempo que se vai ao léu

Se achas que é inútil
Ficar ali parado e calado
De braços abertos

Espantar os corvos das plantações
E as pragas dos pendões talvez tenhas razão
Mas sempre ouvirás falar de uns tais
Covardes, tão velhos e imaturos animais

Mas sempre ouvirás falar de uns tais
Covardes, tão velhos e imaturos animais

E estão por aí
Por todos os lugares
Morrendo, matando e nem sabem porque

E vagam por aí
Com as mentes em leilão
Mostrando saberem tudo, e nem sabem quem são!

Quem vive assim cheio de nada
Matando tudo sem ter espada
É pior que o espantalho daqueles matagais
Pois pensa, corre e fala
Fala mas não faz!

E estão por aí
Por todos os lugares
Morrendo, matando e nem sabem porque
E vagam por aí
Com as mentes em leilão
Mostrando saberem tudo, e nem sabem quem são
São os tais imaturos animais



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