Manifesto Líquido

Eu que me renda
Desse destino de prenda
Contemporânea gueixa "gaucha"
Dar-se feito oferenda
Contam em mito e lenda
Argumentos que repreenda
Numa tapera ou casca
Onde o espaço compreenda

A essência do cair da lágrima
Consentem ser matéria prima
Terços, costuras, rendas
Donas de esperas
Tudo que oprima

Aquele ingênuo protótipo campesina

Livres galopam centauros
Não há atenção que se prenda
(Como no olhar da Salamanca pela fenda)

Nesse mito ocidental cansado
De um caubói, um "gaucho" ou um cossaco
Semibárbaro
Anti-intelectual
Mais dos mesmos arquétipos
Estilo patriarcal

Os anos (re)inventam verdades
O tempo modifica os cultos
Mantêm fôrmas de vaidades
Antigo dogma oculto
Defendido como tradicional
Opressores oprimindo
Doma (ir)racional
Simbólicas atrocidades
Inventando adjetivos
Tendo prenda como regalo
Suprimento narcísico do peão
Dona de um corpo não seu
Sem discussão

Que hoje se narra
Dispensa homenagens de autopromoção
Interesseira confissão
Romântica agressão
Harmonizada dominação
Simbólica submissão
Trocadilhos de coisificação

Prenda tem voz!
Conteúdo que adenda
Cerne que acenda
Sapiência que não omito
Trago e evoco noutro mito
Medo masculino antigo
Deusa Métis
Intuição!



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