Quem?

Eu me perdi
O rumo que eu escolhi, saiu do foco e eu me desmontei
Diga que não vai sair
Já sou sozinho demais pra imaginar-me sem você aqui
E isso ninguém vai ver
Estou sentindo aqui, meu universo cair
Isso ninguém vê
O peito fechando o ar, e eu gritando pra ninguém ouvir

Quem dorme bem
Sentindo a sensação?
Quem ama quando
O berço do problema é falta de atenção?
Quando não se encontra
Em meio a discussão
Quando as paredes caem
E te lavam pro chão
Levei nocaute e eu vou de novo em direção!
Só mais um soco ou mais uma
Condenação!
Seguindo o sol
Sentindo a solidão
Quando se tem a casa cheia e o vazio pesa o coração

Quem
Vai dizer, vai entender
Que o quê tem não importa
Quem
Quer saber, que isso é dor
Que ficou da memória

Me escolheu, nagô
Mais que aparência, resistência!
Que enfim me despertou
A vontade de cantar e de gritar
Pra todo mundo ouvir
O que tava entalado
Que passaram meus antepassados
Por conta da sua crença ou cor
Realidade ou filme de terror?
Me deixa viver! Deixa eu viver! Me deixar viver! Deixar eu viver!

Nossa existência incomoda seu ser?
O que tem em mim que afeta em você?
Por qual motivo quer me ver sofrer?
Mais que resistir! Eu vou existir!
Mais que resistir! Eu vou existir!

Por cada corpo esparramado
Quantas notas são
Por cada choro derramado
Quantas notas são
Por cada vez que me usam
Me lambem me sugam me levam a solidão

Eu eu sei que quanto mais dói mais corrói
Na missão de transcender eu sinto sem pudor
Eu me perco no abismo pra me encontrar
Assim como minha canção se elevou da dor

Sigo com cabeça a sempre erguida
Calejado de feridas
Entre becos e avenidas
Nosso canto pede vida
Não me vejo sem saída
Não me entrego na partida
Não me entrego não me entrego
Eu me nego
Enquanto eu respirar lutar eu vou

Quem
Vai dizer, vai entender
Que o quê tem não importa
Quem
Quer saber, que isso é dor
Que ficou da memória

Não dá pra ser forte o tempo todo
Eu me pergunto quanta dor pode aguentar um corpo
Quando se é pobre, negro e gay, você já tá no lodo
Sonhar é pra quem tem audácia de encarar o jogo

Foi tantas noites sem dormir achando que o erro era eu existir
Tanto perrengue, prestação
Aperto, não de mão, no peito mesmo, solidão
Tantas caronas nos busão
Foi tanto não que eu nem me lembro mais
Por tantas vezes vi minha mãe nos corre batalhando pra ser mãe e pai

Eles disseram: seja alguém na vida, e eu vou ser
Não pra provar que posso
Eu vou ser por merecer
Se eu já to nos destroços não tem porque temer
Sistema quer meu fóssil mas vão penar pra ter
O que almejo já nem sei se dá pra descrever
O que prevejo fortalece, me livra dos males
Mas vou vivendo cada dia pois pude entender
Quando ouvi alguém dizer que a vida é só um detalhe



Credits
Writer(s): Harlley De Melo Ferreira, Marcelo Augusto Gomes Da Silva, Lucas Dos Santos Fidelis, Murillo Henrique Da Silva, Guilherme Da Silva Alves, Queren Rodrigues Cassiano
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