Noite de Garoa

Inverno, noite escura e de garoa
Pelas ruas desertas da cidade
Segue comigo, passo a passo, à toa
A sombra errante e triste da saudade

E enquanto que as lembranças do passado
Me vem aos poucos povoar a mente
Meu coração, saudoso e amargurado
Soluça em tom baixinho e tristemente

Por que soluças tanto, oh coração?
Não vê que está traçada a minha meta?
Deixa que eu sofra com resignação
Do próprio mal de ter nascido poeta

Pois, se há na vida um bem que não se alcança
Deixa que assim, feliz, eu morrei
Cheio de fé, de amor e de esperança
Em busca desta glória que sonhei

Inverno, noite de garoa, neve
Minha alma, irmã das almas vagabundas
Relembro teu amor que foi tão breve
Mas que deixou raízes tão profundas

Por isso a minha vida é um mar viscoso
Volta, não vivas mais tão longe assim
A tua imagem, mora nos meus olhos
E tu, talvez, não lembras mais de mim

Pois, se há na vida um bem que não se alcança
Deixa que assim, feliz, eu morrei
Cheio de fé, de amor e de esperança
Em busca desta glória que sonhei



Credits
Writer(s): Vicente De Lima
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