Negro da Gaita

Mata o silêncio dos mates
A cordeona voz trocada
E a mão campeira do negro
Passeando aveludada
Nos botões chora segredos
Que ele juntou pela estrada

Quando o negro abre esta gaita
Abre o livro da sua vida
Marcado de poeira e pampa
Em cada nota sentida
Marcado de poeira e pampa
Em cada nota sentida

Quando o pai que foi gaiteiro
Desta vida se ausentou
O negro piá solitário
Tal como pedra rolou
E se fez homem proseando
Com a gaita que o pai deixou

E a gaita se fez baú
Para causos e canções
Do negro que passa a vida
Mastigando solidões
E vai semeando recuerdos
Por estradas e galpões

Quando o negro abre esta gaita
Abre o livro da sua vida
Marcado de poeira e pampa
Em cada nota sentida
Marcado de poeira e pampa
Em cada nota sentida



Credits
Writer(s): Gilberto Moreira Carvalho, Airton Pimentel Silveira
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