Balada da Maria

Maria
Era a menina
Dos meus olhos quando ia
De avental à padaria
Maria
Era a menina
Dos meus olhos quando ia
De avental à padaria

Com um saco bordado a ponto-cruz
E as tranças dançando nos dois seios
Maria era criada de servir
Daquelas que se trazem lá da aldeia
Que hoje já não há, a nenhum preço
Maria de sandálias e sem meias
Com a cara lavada de saúde
E os joelhos vermelhos de esfregar
Ir à Missa ao domingo com a patroa
E à tarde com o marçano lá da terra
Maria ia à Feira Popular
Maria vai ao vinho
Vem da Praça, traz nos braços
Um ramo de hortaliça
E parece uma noiva de casar

Maria
Era a menina
Dos meus olhos quando ia
De avental à padaria
Maria
Era a menina
Dos meus olhos quando ia
De avental à padaria

Namora da janela, de fugida
E na cozinha aos poucos queima a vida
Cozida a fogo lento até queimar
E enquanto lava pratos e panelas
Já lhe saem varizes das chinelas
Já lhe caem os peitos de cansaço
Um dia casará se o Joaquim
Consegue outro trabalho, mais dinheiro
E então deixará de ser criada
Para servir a dias, esfregar a escada
Limpeza de escritório, o que vier
Há-de ter uma casa na Damaia e filhos
Domingos de ir à praia
E fadiga até já não poder mais

Maria
Era a menina
Dos meus olhos quando ia
De avental à padaria
Maria
Era a menina
Dos meus olhos quando ia
De avental à padaria

Maria sonha ser remediada
Tem os sonhos que sonha uma criada
Que veio de comboio ver Lisboa
Maria era a menina dos meus olhos
Quando eu era menino do meu bairro
Casou-se, teve filhos, engordou
Já esqueceu

Esqueceu os sonhos que sonhou
Vi-a há dias, sem tranças nem alcofa
Com sacos de plástico e um lenço na cabeça
Às sete da manhã, à espera do autocarro
Maria, Maria, era a menina dos meus olhos
Maria quando ia de avental à Padaria Maria

Maria
Era a menina
Dos meus olhos quando ia
De avental à padaria
Maria
Era a menina
Dos meus olhos quando ia
De avental à padaria
Maria
Era a menina
Dos meus olhos quando ia
De avental à padaria



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