180, 181 (catarse)

Há 180 dias num sono profundo
Profundamente em paz
Não de quem dorme
Nem de quem morre

Mas apenas está
Apenas está uma das metades
Num descanso horizontal
E a outra metade
Numa ausência mortal

Há 180 dias que me chamam de vegetal
Há 180 dias com a merda do cheiro a hospital
Há 180 dias que me chamam de vegetal
Há 180 dias com a merda do cheiro a hospital

A minha volta a dor
Daqueles que por amor
Não perdem a esperança
Como a de uma criança
Que à lua quer chegar

Apaguem as máquinas, arranquem os fios
Assim como eu arranquei a minha própria vida
Não carregarei nos ombros o peso de uma alma perdida

Apaguem as máquinas, arranquem os fios
E neste último dia serei um covarde
Um covarde que teve o que merecia

Apaguem as máquinas, arranquem os fios
Apaguem as máquinas, arranquem os fios
Apaguem as máquinas, arranquem os fios

Há 180 dias a hibernar
Valerá a pena despertar?
A realidade terei de enfrentar
A realidade de quem
acabou de matar



Credits
Writer(s): Leonardo Miguel Aldrey Alonso, Salvador Thiam Vilar Braamcamp Sobral
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