A Saia Da Prima Carolina
A saia da prima Carolina
Adriana tinha uma prima chamada Carolina
Era sua prima favorita
Aquela com quem podia contar nos momentos difíceis
E a quem podia contar tudo em momentos fáceis
Mas também nos momentos difíceis
Aqueles toda a gente tem mesmo os que negam ter
Toda a gente tem momentos difíceis em qualquer idade que seja
Carolina tinha nascido um mês antes da Adriana
E tinha as duas treze anos a serem feitos
Agora, o que nem toda gente tinha
Era uma saia como a da prima Carolina
Era engraçado porque Adriana andava quase sempre de calças
E no entanto tinha um fascínio pela saia da prima
Era larga e solta, mas tecido parecia pano cru
E acabava por se frisar e criar pequenas ondas largas
Sempre avançar e recuar enquanto andava
E a criar novos desenhos toda vez que se sentava
Era de um verde-claro e acastanhado
Com umas pequenas ondas de uma Maré Mansa
Para frente para trás
Havia ainda outra coisa
E essa outra coisa talvez fosse aqui era importante
Boiando por sobre as ondas
Por vezes levando e esbracejando
Havia um lagarto
De um verde mais escuro que as águas
Pra frente, pra trás
Parecia ter vivido ali desde o princípio dos mares
A saia da Carolina tinha um lagarto pintado
Adriana pensava "no fundo, um lagarto é um crocodilo em ponto pequeno"
E fazia todo sentido que ele fosse visto em água
Tinha descido dos rios e agora provava as águas salgadas
E achavas de certeza amargas e ainda doces
Na saia da Carolina
Só visto em dias especiais
Dizia "quero ir na sua prima Adriana"
Eram cada vez mais amigas a medida que cresciam
Uma pensava uma coisa e a outra a mesma coisa
Ou então pensava coisas diferentes e percebiam o que a outra estava a dizer
O que a outra estava a dizer era:
"Se quiseres, empresto a saia"
"É sério, Adriana, gostava que usasse um dia ou dois, ou três"
"É sério, Carolina?"
Um pequeno riso
"E posso levar o lagarto comigo?"
"Podes levar tudo, o lagarto esta pintado na saia"
"Eu sei mas digo isso porque também ouvi dizer:
Tem cuidado Carolina que o lagarto da o rabo"
A prima Carolina podia ser a irmã mais velha da Adriana
Só um mês mais velha, mas por vez já quase adulta
"Acredito, Adriana. E vou te dizer uma coisa"
"O lagarto da mesmo ao rabo, esta vivo e faz ondas"
"E tu vais ter que andar nas ondas se usares a saia, conta com isso"
"E não é só o rabo que se desprendeu e esta ali a dar o rabo"
"Não, não é"
"É o lagarto inteiro na tua saia, nas ondas da saia"
"Portanto tens um lagarto vivo na sua saia de pano"
"As saias são todas de pano o que nem todas tem é aquelas ondas"
"Nem um lagarto a tona delas"
"Esta vivo, vivo e pintado"
"Então queres emprestar-me a saia?" Disse Adriana
"Claro que sim, quero que uses, quero ver-te com ela, mas..."
Ergueu o dedo
"Mas só se souberes a senha"
"Ah esta bem, e qual é a senha?"
Carolina olhou para Adriana em silêncio, sorriu e disse:
"A saia da Carolina, tinha um lagarto pintado"
Adriana fechou e abriu os olhos
"Ah! Já sei, prima, já sei qual é a senha"
"A saia da Carolina tinha um lagarto pintado, acertei?"
Adriana tinha uma prima chamada Carolina
Era sua prima favorita
Aquela com quem podia contar nos momentos difíceis
E a quem podia contar tudo em momentos fáceis
Mas também nos momentos difíceis
Aqueles toda a gente tem mesmo os que negam ter
Toda a gente tem momentos difíceis em qualquer idade que seja
Carolina tinha nascido um mês antes da Adriana
E tinha as duas treze anos a serem feitos
Agora, o que nem toda gente tinha
Era uma saia como a da prima Carolina
Era engraçado porque Adriana andava quase sempre de calças
E no entanto tinha um fascínio pela saia da prima
Era larga e solta, mas tecido parecia pano cru
E acabava por se frisar e criar pequenas ondas largas
Sempre avançar e recuar enquanto andava
E a criar novos desenhos toda vez que se sentava
Era de um verde-claro e acastanhado
Com umas pequenas ondas de uma Maré Mansa
Para frente para trás
Havia ainda outra coisa
E essa outra coisa talvez fosse aqui era importante
Boiando por sobre as ondas
Por vezes levando e esbracejando
Havia um lagarto
De um verde mais escuro que as águas
Pra frente, pra trás
Parecia ter vivido ali desde o princípio dos mares
A saia da Carolina tinha um lagarto pintado
Adriana pensava "no fundo, um lagarto é um crocodilo em ponto pequeno"
E fazia todo sentido que ele fosse visto em água
Tinha descido dos rios e agora provava as águas salgadas
E achavas de certeza amargas e ainda doces
Na saia da Carolina
Só visto em dias especiais
Dizia "quero ir na sua prima Adriana"
Eram cada vez mais amigas a medida que cresciam
Uma pensava uma coisa e a outra a mesma coisa
Ou então pensava coisas diferentes e percebiam o que a outra estava a dizer
O que a outra estava a dizer era:
"Se quiseres, empresto a saia"
"É sério, Adriana, gostava que usasse um dia ou dois, ou três"
"É sério, Carolina?"
Um pequeno riso
"E posso levar o lagarto comigo?"
"Podes levar tudo, o lagarto esta pintado na saia"
"Eu sei mas digo isso porque também ouvi dizer:
Tem cuidado Carolina que o lagarto da o rabo"
A prima Carolina podia ser a irmã mais velha da Adriana
Só um mês mais velha, mas por vez já quase adulta
"Acredito, Adriana. E vou te dizer uma coisa"
"O lagarto da mesmo ao rabo, esta vivo e faz ondas"
"E tu vais ter que andar nas ondas se usares a saia, conta com isso"
"E não é só o rabo que se desprendeu e esta ali a dar o rabo"
"Não, não é"
"É o lagarto inteiro na tua saia, nas ondas da saia"
"Portanto tens um lagarto vivo na sua saia de pano"
"As saias são todas de pano o que nem todas tem é aquelas ondas"
"Nem um lagarto a tona delas"
"Esta vivo, vivo e pintado"
"Então queres emprestar-me a saia?" Disse Adriana
"Claro que sim, quero que uses, quero ver-te com ela, mas..."
Ergueu o dedo
"Mas só se souberes a senha"
"Ah esta bem, e qual é a senha?"
Carolina olhou para Adriana em silêncio, sorriu e disse:
"A saia da Carolina, tinha um lagarto pintado"
Adriana fechou e abriu os olhos
"Ah! Já sei, prima, já sei qual é a senha"
"A saia da Carolina tinha um lagarto pintado, acertei?"
Credits
Writer(s): Sérgio Godinho
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