A Enxada E A Caneta

Certa vez uma caneta foi passear lá no sertão
Encontrou-se com uma enxada fazendo uma prantação
A enxada, muito humilde, foi lhe fazer saudação
Mas a caneta, sorberba, não quis pegar na sua mão
E ainda, por desaforo, lhe passou uma repreensão

Disse a caneta pra enxada: não vem perto de mim, não
Você tá suja de terra, de terra suja do chão
Sabe com quem tá falando? Veja a sua posição
E não esqueça a distância da nossa separação

Eu sou a caneta dourada que escreve nos tabelião
Eu escrevo pros governo a lei da constiuição
Escrevo em papel de linho pros ricaço e pros barão
Só ando na mão dos mestre e dos home de posição

A enxada respondeu: de fato, eu vivo no chão
Pra poder dar o que comer e vestir o seu patrão
Eu vim no mundo primeiro, quase no tempo de Adão
Se não fosse o meu sustento, ninguém tinha instrução

Mas que caneta orguiosa', vergonha da geração
A tua arta nobreza' não passa de pretenção
Você diz que escreve tudo, tem uma coisa que não
É a palavra bonita que se chama educação



Credits
Writer(s): Teddy Vieira De Azevedo, Pedro Astenori Maragliani
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