Memórias Póstumas do Rap Nacional

Música defunto ou defunto musical
Memórias Póstumas do Rap Nacional
Música defunto ou defunto musical
Memórias Póstumas do Rap Nacional

Por essa ninguém teria imaginado
Rap é compromisso foi parar no epitáfio
Até que tive honras pra esse funeral
Pra quem veio do gueto com fama de marginal

O reggae muito triste acendeu uma vela
O samba levou o cavaco e fez uma reza
O funk especialista em pegar novinha
Não pode colar porque a pensão não tava em dia

O rock pediu... "walk this way"
Para celebrar quando éramos reis
O sertanejo apareceu mas não disse nada
Deixou a porteira aberta e voltou pra casa

Música defunto ou defunto musical
Memórias Póstumas do Rap Nacional
Música defunto ou defunto musical
Memórias Póstumas do Rap Nacional

Bons tempos aqueles que salvávamos almas
A voz de quem não tinha voz rasgando a mordaça
A verdadeira expressão da cultura de rua
Auto estima pra uma classe em luta

Altos e baixos sem cachê, Não resisti a TV
Por que era pouco só o Yô! MTV
Jabá na Panela no meu espaço no rádio
Me deixou massante popularmente frágil

Já na era das batalhas até que tive um "UP"
Promessa de inovação, só q não... antes fosse
Comecei a compor sempre de forma prática
Quando o MC virou o centro da temática

Foi o narcisismo que mexeu comigo
Mesmo colando em bancas ou em coletivos
Priorizei a estética abracei o mundo
Pelo corre das notas abandonei o discurso

Peguei mais nos baseados que nos livros
Aderi ao extremismo Analfabetismo político...
Apologia ao crime nunca tive nada com isso
Talvez hipocrisia fosse o maior dos meus vícios

Música defunto ou defunto musical
Memórias Póstumas do Rap Nacional
Música defunto ou defunto musical
Memórias Póstumas do Rap Nacional

Não fiz nenhuma "Cypher" em pro democracia
A falta de união fragilizou as rimas
Pra não peder o público paguei de vagabundo
Eu Preferi o gigante em sono profundo

Fiquei meio deprê depois do Sul-ícídio
Uma parte de mim perdeu o protagonismo
Me aproveitei do racismo de lei
Comi pelas bordas com efeito Elvis Presley

O ego cavou a cova do meu legado
Parti queimado um tanto desacreditado
Queria ficar no Topo e esquecer do lodo
Mas na verdade o objetivo era outro

Os valores mudaram mas eu ainda me lembro
Troquei a folha de caderno por papel higiênico
No final das contas tive uma crise moral
Mas o q me levou foi os "facho" paga pau

Deixei o público falando
Na moral
Memórias póstumas do rap nacional



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