Canção do Lobisomem

Eu sou inquieto assim pra dar um corte
No elo entre a satisfação e a morte
Sou o ofício secreto do veneno
Corroendo o amor
Deus o tenha!
Como disse Drummond
Mas que epopeia
"Essas flores no copo de geléia"
Me alucinam
"Essa lua, esse conhaque"
E o mar
O que mais quero
Quando não espero é que Deus dá!

Minhas unhas em garras transformadas
Rasgam a roupa da virgem apavorada
Meia-noite, ao romper aquela porta
Que a separa de mim, ela tá morta!
Não dá pra entender

Essa angústia hoje é boa companheira
Da conversa entre o príncipe e a caveira
Deduzi que a esperança é uma besteira
Corroendo o amor
Deus o tenha!
Entre amar e matar não sobra espaço
Quanta lâmina rente ao meu abraço
E cristais de arsênico em meu beijo
Vão matar o que mais quero
Quando não espero é que Deus dá!

Nem a cobra coral, nem mesmo a naja
Dão bote da prata que viaja
Numa bala entre a arma e o meu peito
Acho graça em desgraça
Dito e feito: sou meu matador



Credits
Writer(s): Aldir Blanc Mendes, Carlos Althier De Souza Lemos Escobar
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