Inspiração

Arranca o couro cabeludo
Arranca caspa, arranca tudo
Deixa entrar sol nesse porão

Em qualquer dia por acaso
Desfaz-se o nó, rompe-se o vaso
E surge a luz da inspiração!

Deixa seus anjos e demônios
Tudo está mesmo é nos neurônios
Num jeito interno de pressão

Talvez se possa, como ajuda
Ter uma amante manteúda
Ou um animal de estimação

Pega a palavra, pega e come
Não interessa se algum nome
Possa te dar indigestão

O que se conta e se aproveita
É se a linguagem já vem feita

Com sua chave e seu chavão
A porta se abre de repente
Como se no ermo do presente
Se ouvisse a voz da multidão

E o que tem força, o que acontece
É como um dia que estivesse
Sem calendário ou previsão

Fica de espera, de tocaia
Talvez um dia a casa caia
Talvez um dia a casa caia
E fique tudo ao rés-do-chão!

Fica a fumaça no cachimbo
Fica a semente no limão
Fica o poema no seu limbo
E na palavra um palavrão

Fica a fumaça no cachimbo
Fica a semente no limão
Fica o poema no seu limbo
E na palavra um palavrão

A porta se abre de repente
Como se no ermo do presente
Se ouvisse a voz da multidão

E o que tem força, o que acontece
É como um dia que estivesse
Sem calendário ou previsão

Fica de espera, de tocaia
Talvez um dia a casa caia
Talvez um dia a casa caia
E fique tudo ao rés-do-chão!

Fica a fumaça no cachimbo
Fica a semente no limão
Fica o poema no seu limbo
E na palavra um palavrão

Fica a fumaça no cachimbo
Fica a semente no limão
Fica o poema no seu limbo
E na palavra um palavrão

Fica a fumaça no cachimbo
Fica a semente no limão
Fica o poema no seu limbo
E na palavra um palavrão

Fica a fumaça no cachimbo
Fica a semente no limão
Fica o poema no seu limbo
E na palavra um palavrão!



Credits
Writer(s): Pedro Luis Teixeira De Oliveira, Gilberto Mendonca
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