Tralhas da Saudade

Resolvi mexer numa caixa antiga
Que até hoje abriga as tralhas do pai
São tralhas de pesca e seus apetrechos
Raramente eu mexo no tempo que faz

Por baixo da tampa anzol e carretilha
Que até hoje brilha todos os seus metais
Conforme eu revi e vejo essa tralha
Imagino a batalha de tempos atrás

Num canto da caixa em pé um facão
Linhada de mão já bem ressecada
Canivete corneta em aço carbono
Em total abandono
Com a ponta quebrada

Achei o seu bule de coar café
E até a colher que guardou mal lavada
Achei lado a lado as latas juntinhas
De açúcar e farinha
com a tampa enferrujada

Achei bem fechado a caixinha de isca
a binga de faísca e palhas do paiero
A rede enrolada bem suja amarela
Junto com a tela do seu mosqueteiro

Achei a lanterna e os carburetos
No fundo os gravetos do seu fogareiro
Também os cartuchos
Balote e as buchas da velha garrucha
De baque certeiro

Também encontrei já bem acabado
O seu samburá cheio de cupim
Nem eu acredito que achei o seu pente
Faltando alguns dentes todo em marfim

Com essa lembrança que a tralha me deu
Meu pai reviveu aqui hoje em mim
Daqui por diante só resta saudade
E a eternidade ao chegar meu fim



Credits
Writer(s): Luiz Fernando Souza, Daniel Martins Matulevicius
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