Exu do Absurdo

Sempre foi um bicho esperto
Em terra de predador
Preta a pele, presa é o corpo

Invisível não tem cor
Fome de palavra e a barriga acostumada à falta
Um gênio descalço veio me ensinar a ler

Dentro dos meus olhos, sim
Dentro dos meus ossos, dói
Dentro dos meus olhos, sim
Dentro dos meus ossos, dói

Repouso, pouso
Repouso

Se quer saber, Brasília é bonita sim
E tem poetas vagando
Invisíveis e embriagados

Que escrevem sobre a carne negra
Adormecida sob a lona
E as latinhas dentro do saco

E a liberdade que é veneno amargo
E um figurante em seu próprio ato
Filosofia

Medo da morte me encontrar
Vou por conta própria
Medo da morte me encontrar
Vou por conta própria

Dentro dos meus olhos, sim
Dentro dos meus ossos, dói
Dentro dos meus olhos, sim
Dentro dos meus ossos, dói

E as latinhas
A liberdade
O figurante
Filosofia

Redenção
Redenção



Credits
Writer(s): Gabriela Viegas
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