Territorio Ancestral

Alô, mãe
Você sente minha falta?
Porque eu também sinto falta de mim

Alô, mãe
Canta que o corpo transpassa
O tempo e nos faz resistir

Deixei meu cocar no quadro
Retrato falado, escrevo: "Tá aqui"
Num apagamento histórico
Me perguntam como é que eu cheguei aqui

A verdade é que eu sempre estive
(Nos reduzem a índios, mitos, fantasias)
A verdade é que eu sempre estive
(E depois dizem que somos todos iguais)

Vou te contar uma história real:
Um a um morrendo desde os navios de Cabral

Nós temos nomes, não somos números
(Galdino Pataxó, Marçal Guarani, Jorginho Guajajara)
Nós temos nomes, não somos números
(Marcinho Pitaguary,???, não somos)

Pra me manter viva, preciso resistir
Dizem que não sou de verdade
Que eu não deveria nem estar aqui

O lugar aonde eu vivo
Me apaga e me incrimina
Me cala e me torna invisível

A arma de fogo superou a minha flecha
Minha nudez se tornou escandalização
Minha língua mantida no anonimato
Kaê na mata, Aline na urbanização

Mesmo vivendo na cidade
Nos unimos por um ideal
Na busca pelo direito
Território ancestral

Vou te contar uma história real:
Pindorama (território, território ancestral)

Brasil,
Demarcação já no território ancestral



Credits
Writer(s): Kaê Guajajara, Patrick Dias Couto
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