Refeitura

Tenho saudades de um tempo
Que nunca vivi por aqui
Do cheiro daquela flor
Que em bosque nenhum eu colhi
Do eco de uma melodia
Que em canto nenhum eu ouvi
Daquela pátria distante
Que existe aqui dentro de mim

Por quê esta ânsia insiste em chegar?
Esta dor que resiste em ficar?
Se há fome, eu irei saciar!

Ah! que saudades daquele jardim
E do encontro que, na viração
Me trazia alegria e canção

Tenho lembrança
Que sou semelhança
De quem tudo fez
Sou sua feitura e preciso
De uma refeitura de vez
Sou fugitivo e me é necessário
Retornar ao lar
Sou destrutivo e devo
Rever a atitude e mudar

Criar filhos, livros, amigos, canções
Lares, bichos, lareira, pomar
E ter tempo pra ao próximo amar

Ah! no caminho de volta talvez
Eu não erre mais a direção
E encontre sentido e razão

No novo dia cheio de alegria
Que irei celebrar
Na esperança de ver o renovo
No grão que eu plantar
E na festança de uma criança
Que se aconchegar
Em todo verso que ensina o gesto
De Cristo imitar
Se dar



Credits
Writer(s): Gladir Da Silva Cabral, Silvestre Kuhlmann
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